Folha de S. Paulo


A despeito de polêmica, brasileiro vai traduzir 'O Diário de Anne Frank'

Enquanto continua a controvérsia internacional para saber se "O Diário de Anne Frank" entra ou não em domínio público em 2016, Daniel Dago, um dos principais tradutores do holandês em atividade no país, começou a verter o livro para o português. Dago chegou a negociar a publicação com a Ediouro no ano passado, mas o projeto não andou. Pelo prazo vigente em grande parte dos países, uma obra entra em domínio público no 1º de janeiro seguinte ao aniversário de 70 anos de morte do autor. A Anne Frank Fonds, fundação suíça que detém os direitos do diário, porém, defende que o livro segue protegido, porque foi organizado por Otto Frank (1889-1980), pai da menina -e, como Otto teria direitos autorais de organizador, a obra só cairia em domínio público nos 70 anos da morte dele. Para piorar a confusão, a versão hoje à venda foi organizada em 1995, pela alemã Mirjam Pressler, que ainda está viva.

QUERIDO DIÁRIO
Não há tradução do livro direta do holandês no Brasil. Quem publica "O Diário de Anne Frank" por aqui é a Record, na versão de Pressler, em tradução do inglês.

"A Anne Frank Fonds não pode me processar por apenas traduzir [o livro]; um processo só é cabível se a obra for publicada on-line ou fisicamente", afirma Dago. "Não é possível que Hitler entre em domínio público e Anne Frank não."

Por via das dúvidas, Dago está traduzindo a primeira e a segunda versões do diário -respectivamente, o texto bruto e o editado por Anne Frank em vida. O tradutor trabalha com um texto disponibilizado na internet, na virada do ano, com uma edição crítica do livro, que reúne as várias versões do diário.

A pedido da coluna, Daniel Dago comparou dois trechos do diário nas quatro versões existentes: as duas de Anne Frank, a do pai, Otto Frank, e a da alemã Mirjam Pressler.

A coluna pediu para o tradutor comparar os mesmos trechos nas quatro versões. Veja o resultado aqui.

Divulgação
Ilustração no verso de 'Silêncio', poema que Thiago Camelo lança pela Pipoca Press, parte de uma série de textos curtos publicados como pôsteres

'PESSOA' PAGA
Em breve, a revista literária on-line "Pessoa", espaço de intercâmbio da literatura lusófona, passará a cobrar pelos acessos de seus leitores.

Serão dois modelos: um, clássico, de assinaturas; outro, de micropagamentos, nos quais os interessados pagarão pelos textos que queiram acessar. Neste caso, cada conteúdo custará R$ 0,39 -e 70% do valor arrecadado será pago ao autor do texto.

Ao mesmo tempo, a "Pessoa" anuncia um novo time de colunistas. No grupo de brasileiros, entram Elvira Vigna, Alice Sant'Anna, Noemi Jaffe, Paula Fábrio e Josélia Aguiar, entre outros.

Entre os colaboradores estrangeiros estarão os portugueses Isabel Lucas e Manuel Jorge Marmelo, jornalistas do "Público" (que acaba de passar por uma série de cortes).

A página ainda vai hospedar o programa de entrevistas "Fluxo de Consciência", comandado por Ronaldo Bressane, em parceria com o site "Fluxo". A seção "Literatura Brasileira Hoje", coordenada pelo crítico João Cézar de Castro Rocha, continuará grátis.

Outro lado Jorge Oakim, diretor da Intrínseca, reclamou do ranking de editoras feito pelo boletim de notícias do mercado editorial Publishnews: "Não acho que a lista seja representativa. Ela premia quem publica muito, e não o impacto de fato do livro".

Outro lado 2 Ele não concorda com o critério da lista. Oakim reclama que uma editora que emplaca um livro em 10º lugar, por exemplo, recebe o mesmo número de pontos de outra que colocou um título em primeiro.

Outro lado 3 "A lista do Publishnews é transparente. Como toda metodologia, ela não é perfeita, e não causa estranhamento que editores que coloquem menos livros na lista por períodos maiores sejam críticos a ela", diz Carlo Carrenho, diretor do site.

Ziriguidum As editoras estão esquentando os tamborins. Pela primeira vez, os profissionais do mercado organizam um bloco carnavalesco, o "Me edita que eu gosto", que desfilará dia 5 de fevereiro no Itaim Bibi. O hino do bloco está sendo composto pelo editor de uma importante casa brasileira, que prefere continuar anônimo.

Demônio A DarkSide Books comprou os direitos dos próximos dois livros do canadense Andrew Pyper, autor de "O Demonologista", que já vendeu 70 mil exemplares e está na lista de mais vendidos.

Independentes Serão lançados na Feira Plana, que acontece de 15 a 17/1, os trabalhos frutos de sua residência artística. São impressos como "BR Motels", de Alexandre Furcolin e Jazzie Moyssiadis.


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