Folha de S. Paulo


Inteligente e humana

Este é o rumo que São Paulo tem condições de almejar, de planejar e de ser: uma cidade inteligente e humana.

Das palavras de amor às ferramentas de gestão excepcionais, a digitalização está presente em todas as áreas e caracteriza as cidades inteligentes. Não se deve confundir esse conceito com redes de wi-fi em praças, em ônibus, necessárias, mas que sem maiores conexões não formam um ecossistema inteligente.

O digital no serviço público serve para melhorar a eficiência da gestão, economizar, potencializar, fiscalizar e dar transparência aos recursos. Além de tornar a cidade mais humana, permitir a colaboração de quem vive nela, deixar a vida mais confortável. Como?

Tive duas experiências recentes. A primeira foi numa AMA observando senhoras esperando horas sentadas para marcar uma consulta que poderia ser agendada pela internet. A outra foi nesta quarta (27), quando fui andar de ônibus, metrô e trem para ver, perguntar e sentir como está o sistema de transporte público. Não vou entrar na situação do aperto e espera, do sacolejar por causa dos buracos, mas em algo que me surpreendeu pelo puro descaso e desrespeito ao sofrimento humano.

O cidadão usa Bilhete Único e vai carregá-lo numa máquina no terminal e as duas à vista estão fora de uso e, depois de um dia exaustivo, tem que enfrentar uma fila enorme. Na experiência tomei outro ônibus e o mesmo se repetiu no terminal do Grajaú.

Conversando soube que faz tempo que recarregar o Bilhete Único se tornou um martírio. Entende-se, então, a importância de colocar o digital a serviço do bem-estar. Em nossa cidade, o pouco que existe poderia estar muito mais avançado, e não patinando no que foi criado em 2002.

Ser moderno é usar de todos instrumentos contemporâneos para dialogar e cuidar. Cuidar, da forma mais radicalmente "irada" do bem-estar e conforto das pessoas.

Quando a licitação de iluminação conseguir ser aprovada, é preciso ter um sistema no qual uma central é acionada quando uma lâmpada queima. É necessário ter câmaras de segurança nos ônibus e assento da Guarda Municipal no Centro de Operações da Polícia Militar, como tem o Metrô que chama a segurança em minutos. É preciso saber em segundos os leitos de hospital disponíveis, ter o prontuário médico do cidadão em rede, acompanhar as vagas nas creches etc.

Ter subprefeituras –longe da demagogia da eleição direta– não só informatizadas, o que são desde 2002, mas com interatividade com a comunidade. Queremos pertencimento, sonhar e melhorar o bairro, colaborar e compartilhar.

São Paulo já é a grande metrópole da América Latina. Mas precisa ser, também, em qualidade de vida, empreendedorismo e respeito a todos.


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