Folha de S. Paulo


Pe-da-la-das

Lance Armstrong, ex-ciclista profissional americano, ficou famoso e virou ídolo por ter conquistado, por sete vezes consecutivas, o Tour de France, um dos mais importantes eventos do ciclismo.

Viveu a glória até que ficou comprovado (e admitido por ele) que essas conquistas no ciclismo foram feitas à base de pedaladas enganosas, fazendo uso de doping.

Aqui, a presidente Dilma começou as pedaladas (existem vários tipos delas) na campanha. Usou e abusou de imagens, inverdades e falsas promessas escondendo a situação real do país.

Suas contas, de 2010 a 2014, acabaram rejeitadas por unanimidade pelo TCU e há suspeita de que as pedaladas se estenderam em 2015.

Estamos na direção do fundo do poço. Quem mais sofre é quem perde o emprego, quem não tem como manter o sustento da família. Quem mal chegou à nova classe média e já foi expulso dela.

A administração da cidade de São Paulo caminha na mesma marcha: a de vender ilusão.

Toda cidade deveria dar a possibilidade de transporte ciclístico ao cidadão. Além de estimular o exercício, a bicicleta contribui para um lazer saudável. Mas apostar nas ciclofaixas e "ciclotintas" como marca de gestão é pouco para as necessidades e prioridades de São Paulo. Questiona-se que foram feitas sem consultar a população, sem planejamento, sem critério e sem segurança adequada. Além das sérias acusações do altíssimo custo quando comparado ao de outras cidades.

O Ministério Público de São Paulo abriu inquérito para investigar outra pedalada: o destino das multas de trânsito aplicadas na cidade e quanto a prefeitura arrecadou.

A CET aplicou mais de 6 milhões de multas só no primeiro semestre deste ano –aumento de 22% em relação ao primeiro semestre de 2014.

Mais uma foi a incapacidade de planejar a gratuidade para os estudantes e os idosos no transporte, estourando o orçamento, o que resultou em aumento para subsídio ao ônibus e consequente corte em investimentos em mananciais, drenagem, habitação, novos corredores e terminais. Pe-da-la-da cara: R$ 144 milhões!

Gravíssima é a pedalada no Plano Diretor, pois terá efeitos futuros desastrosos: não trata da mobilidade urbana, de habitação, retalha o zoneamento e, como disse o urbanista Cândido Malta, vai "levar a intranquilidade a toda a cidade", pois traz o comércio para as zonas residenciais.

Armstrong perdeu os títulos e foi banido do ciclismo competitivo. Espero que as pedaladas enganosas vindas do Palácio da Alvorada possam ser punidas à altura e dentro da mais absoluta legalidade.

Em relação às pedaladas paulistanas, nossa população se incumbirá de bani-las nas urnas.


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