Folha de S. Paulo


Comprou Folha e foi ao cinema (ou ao GP)

Os erros de informação gerados por problemas de preparação das informações que são publicadas pela Folha parecem assumir contornos cada vez mais danosos .Nesta semana, o jornal voltou a desinformar seus leitores na programação de cinema.

A leitora Maria Goretti escreveu para dizer que no sábado dia 13 foi à Sala Cinemateca para assistir à Retrospectiva Romy Schneider. Antes de sair de casa, conferiu o horário da sessão no jornal.

"Quando cheguei ao cinema, diz Goretti, fui informada d que a Folha publicara a programação do próximo fim-de-semana. E isso foi provado pelo folheto distribuído pela Cinemateca com a programação completa da Mostra.

Os funcionários do cinema informaram que esse material é o mesmo que foi enviado à imprensa. Para reforçar que o erro realmente foi da Folha, eles tinham a mão o "Estado de S. Paulo" e o "Jornal da tarde". Pior ainda, eles já tinham a Folha de domingo (sai sábado à tarde) que também estava errada".

"Conversando com o gerente (que manteve a calma, diplomacia e, sobretudo, paciência para atender os leitores-ovelha da Folha) soube que não é a primeira vez que isso acontece", relata a leitora irritada. O médico Fábio Salzano enfrentou o mesmo problema.

O editor da Ilustrada, Alcino Leite Neto, diz que não houve checagem suficiente dos dados enviados pela divulgação da sala de cinema. Mas lembra que a Folha é o jornal que mais se obriga a reconhecer os erros que comete: "Não há dívida que erramos. Alguns desses erros, porém, são determinados pelo atraso de indústria cultural brasileira, que vive na pré-história , tem planejamento precário e troca programas em cima da hora". Infelizmente é preciso reconhecer, a Folha não tem se mostrado preparada para evitar com que os erros cheguem às páginas do jornal. Ao contrário, algumas dessas informações erradas acabam sendo introduzidas pela Redação no processo de produção do jornal.

F-1
O leitor Francisco Carlos da Silva, baseando-se em um mapa do autódromo de Interlagos publicado no caderno de Esportes em 11 de março, comprou dois ingressos no setor E para o GP de domingo que vem. No dia 14 o jornal publicou outro mapa, com o setor E localizado em posição diferente. O leitor voltou a agência do Unibanco para trocar as entradas por outras do setor C, o que o banco recusou. Os ingressos são para duas pessoas que vên da Argentina no dia 25, especialmente para assistir a corrida. Silva tem tentado sem sucesso vender os tickets.

A VIRADA

Tema que sempre suscita reações enfáticas de um contingente considerável de leitores, a cobertura de esportes da Folha vem passando por importantes modificações. Quatro leitores entraram em contato comigo para elogiar a volta do caderno diário de Esportes, extinto em fevereiro de 1991, agora com distribuição a Grande São Paulo.

Nessa área, a trajetória do jornal é irregular. Alternam-se longos períodos de desprezo e inércia com fases mais curtas em que o esporte assume prioridade.
A situação atual se encaixa no segundo caso. No domingo passado, a notícia (um mero registro sem novidades, apesar do interesse) do jogo entre São Paulo e Palmeiras foi levada a manchete do jornal. Na mesma edição, o jornal deu com menos destaque ouras dias notícias importantes, a notícia do possível demissão do ministro-chefe da Casa Civil Henrique Hargreaves (que não ocorreu) e a doação de cestas básicas por Paulo Maluf durante a campanha eleitoral à Prefeitura de São Paulo.

No dia seguinte, o registro do empate sem gols entre os dois "supertimes" foi de novo a notícia que teve títulos com letras de maior tamanho na capa da Folha.
A manchete de domingo passado seria ocorrência impossível em épocas passadas, em que o jornal privilegiava quase exclusivamente notícias de política e economia. Numa escala hipotética de nobreza dos temas que têm cobertura diária, esporte estaria antes disputando o último luar. O noticiário internacional, por exemplo, viria entre os primeiros.

Como se sabe o "mix" foi alterado nos últimos dois anos. Optou-se por dar mais espaço a temas mais "populares", por assim dizer. Assuntos internacionais, científicos, educacionais e literários passaram a ter acompanhamento menos intenso em benefício de áreas como classificados, moda e decoração, consumo, aplicações financeiras e esporte.

A seu favor, a Redação da Folha argumenta que este jornal d agora é mais orientado para as necessidades reais do leitor. Como prova disso, exibe o crescimento das vendas aos domingos. Pode não ser tão bom e "prestigioso" par o ego do jornalista que o faz, mas se aproxima mais das necessidades concretas da clientela.

Por trás de tudo está ainda a disputa pelos compradores de jornal nas ancas na capital de São Paulo, especialmente do leitor que só compra a edição dominical. Este constitui um rico mercado, o único em que a Folha ainda não logrou superar "O Estado de S. Paulo".

Apesar dos erros de informação nas tabelas, da falta de uma cobertura sistemática, o novo caderno põe a Folha com condições de ter vantagem na área esportiva, em que "O Estado" sempre investiu mais. Vamos ver agora qual vai ser a resposta do concorrente da Folha, que sempre tende a imitá-lo.


Endereço da página: