Há dias em que o Brasil amanhece unido. Foi assim nesta sexta-feira (8), quando prenderam Geddel Vieira Lima, o homem dos R$ 51 milhões. E também no início da semana quando o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman, foi levado para depor e teve sua casa vasculhada pela Polícia Federal.
Ainda que o país esteja cada vez mais dividido politicamente, eles integram a lista de políticos, empresários e cartolas que dificilmente teriam apoio popular caso tivessem de sair de circulação por vias jurídicas. Eduardo Cunha, cada vez mais esquecido, é dessas unanimidades.
Ouvi fogos de artifício quando Sérgio Cabral foi preso. Posso apostar que Marco Polo Del Nero é outro com a capacidade de unir coxinhas e petralhas. Todo mundo quer vê-lo longe da CBF, na companhia de Cabral.
Mas, enquanto nos distraímos com os episódios policiais que envolvem a nata azeda da nossa política, dirigentes esportivos continuam serelepes por aqui.
Operação Unfair Play |
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Polícia Federal investiga compra de votos para escolha do Rio como sede olímpica |
Investigação contra Nuzman começou na França após denúncia de doping |
Atleta diz que ex-assessor de Paes pagou propina pela Olimpíada no Rio |
COI diz ter o 'mais alto interesse' em esclarecer suspeita de compra de votos |
Acusado de dar propina em eleição da Rio-16 levou quase R$ 3 bi de governo |
Pegue o caso de Del Nero. Para a Justiça americana ele é bandido. O que falta para ser considerado tal qual por aqui? O que nos falta? Provas ou colhões. Se em algum momento a Justiça brasileira resolver olhar esse assunto de perto e tomar as providências necessárias, não duvido que a comoção nas redes sociais seja muito maior do que se o Brasil for hexa.
Estamos cansados de coronéis que mandam na política e no esporte desde sempre. E que apesar de indícios e denúncias nada lhes acontece.
Mas vamos falar do caso mais recente de "agora vai, mas não foi ainda". Durante a Olimpíada já era dado como certo que Nuzman conseguiria se reeleger para o COB para mais um mandato até 2020, quando completaria 25 anos à frente da entidade. Vinte e cinco anos. Ele não confirmava sua candidatura, mas disse em entrevista que a maioria queria que ele continuasse e que ele devia terminar uma série de ações, relatórios e prestações de conta.
Como sabemos, ele continua à frente do COB, mas nem tão firme nem tão forte. Imagino que as prestações de conta às quais se referia não envolviam a Justiça.
Fizemos uma Copa e uma Olimpíada que foram sucesso, mas a que custo? E não falo apenas dos bilhões desviados, mas da imagem que ficará quando todos as denúncias forem feitas e esclarecidas. Sim, sou otimista de que aconteça.
O plano de se mostrar ao mundo como país moderno e maduro acabou eclipsado por todos os escândalos que não param de aparecer.
Seis dos 12 estádios da Copa estão sob investigação. O Tribunal de Contas do Estado do Rio diz que quase R$ 2,5 bilhões foram desviados na construção da Linha 4 do Metrô, que não está pronta. O ex-prefeito do Rio
Eduardo Paes foi acusado de receber R$ 15 milhões para facilita contratos do evento.
Em março vieram as primeiras denúncias de que o Brasil pagou por votos para levar o direito de sediar a Olimpíada. Nuzman posou de dono da festa na cerimônia de abertura dos Jogos ao dizer que se sentia o homem mais orgulhoso do mundo. Não era ele o anfitrião, mas todo povo brasileiro. E agora, apesar de ser ele o implicado, lá fora é a imagem do país inteiro que fica arruinada. Ninguém dirá que o presidente do COB fez isso ou aquilo, mas que o Brasil comprou a Olimpíada.
Precisamos com urgência nos livrar de toda essa gente.