Folha de S. Paulo


Homens pelados. Sim, nós gostamos

Este texto é recomendado para maiores de 18 anos. Se você pode sentir-se ofendido, por favor, não leia.

Confesso: elogiei, aplaudi e perdi uma parte do dia fofocando sobre a foto do modelo Paulo Zulu, 53, pelado. Foi Zulu, mas poderia ter sido qualquer outro. Foi quase uma manhã qualquer, mas teve Zulu. Não fosse o Zulu, seria outro famoso ou desconhecido. E nem precisava estar pelado. Mas que bom que estava. Foi bonito de ver.

Sei que Zulu ficou chateado com o "vazamento" da foto. Quase lamentei por ele, mas lembrei da foto. E estou escrevendo não para falar do Zulu, mas de homens pelados, homens sarados, homens com pintos bonitos, esses assuntos que as mulheres discutem no WhatsApp, lavando roupa, fazendo o lanche das crianças ou tomando cerveja no bar. Vamos da promoção na Animale a Zulu pelado em um clique.

John Vizcaino/Reuters
Voluntários posam pelados em Bogotá, na Colômbia
Voluntários posam pelados em Bogotá, na Colômbia

Foi a foto do Zulu, mas poderia ser a de um mocinho do Mahamudra. Fazemos piadas sem graça do tanquinho dos meninos e morremos de rir mesmo assim. Tem aquela do "isso não é um tanquinho, é uma lava e seca completa". É péssima, mas é sério. Sonhamos de vez em quando com uma "lava e seca". Lidem com isso.

Foi a foto do Zulu, mas poderia ser a do Cauã Reymond de cueca, na vitrine da Lupo. Tem uma loja ao lado de onde moro e é impossível passar por ali e não perceber o Cauã em tamanho natural. De cueca. E ele fica ótimo de cueca. Dividi com as amigas em cinco grupos de WhatsApp. Mandei também para minha mãe e minhas tias. Elas curtiram Cauã. Minha mãe mandou a do Zulu. Meu pai não sabe que ela manda nudes. Dos outros, mas manda.

O pessoal desdenhou das formas do Zulu. É photoshop, está meia-bomba, depilou para parecer maior. Teve até foto comparativa, analisando a "montagem". A marca da sunga está esquisita. Macharada despeitada, nervosa, contrariada. As mulheres mandam nudes e falam de nudes. E falam de pinto. Do tamanho, se é fino, grosso, grande, pequeno, circuncidado.

A gente fala da bunda, das pernas, dos braços, do peitoral. Olha se as unhas dos pés estão limpas, se as mãos são ásperas, se está ficando careca. Comenta se depila o peito, as pernas, o sovaco. Tem disso. Se apara o parque de diversão ou deixa estilo "homem das cavernas". Tem disso também.

A gente fala de coisas que os homens falam faz tempo, mas a gente tinha vergonha de dizer para todo mundo. Agora postamos também nas redes sociais. E todo mundo falou sobre o Zulu. E todo mundo gostou do Zulu. Zulu ficou chateado, mas está de parabéns. Obrigada, Zulu, você nos libertou.

Mandamos nudes, pensamos em sexo, gostamos de corpo malhado. A maioria ainda prefere um gordinho inteligente a um sarado desmiolado, mas o tema é consumo, não casamento. Nenhum homem acha mesmo que vai casar com a Paolla Oliveira, mas todo mundo passou uma semana babando nela. Só deu ela. Em grupos de conversa e em momentos solitários. O mesmo acontece com as mulheres. Ainda que seja mais improvável que elas levem a foto do Zulu, do Cauã ou do menino do Mahamudra para uma cama vazia.

Barrigas de chopp, tremam. O direito do homem de embarangar sem consequências acabou. Estamos de olho. E gostamos do que vemos por aí.


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