Folha de S. Paulo


Descuido nas redes sociais pode custar vaga de trabalho

Getty Images/Istock
5 previsões feitas por Bill Gates em 1999 que são realidade hoje --- Redes sociais como Facebook e WhatsApp permitem criar grupos privados
Empresas também se informam sobre candidato a partir de likes, comentários e vídeos nas redes

Uma das mais cruéis consequências da depressão econômica que tomou conta do Brasil a partir de 2015 é o desemprego. Embora seja difícil encontrar algum profissional que não tenha reparos a fazer a sua atual forma de ganhar a vida (baixo salário, falta de valorização, conflitos com chefes e colegas, longas jornadas), ainda vale um antigo conceito —o pior emprego é não ter nenhum.

Alguns especialistas discordam, mas reconheçamos que receber contas diariamente sem fontes de renda para pagá-las em dia tira o sono de qualquer um.

Na semana passada, a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostrou que o desemprego caiu 0,8 ponto percentual em relação ao trimestre móvel encerrado em abril, ou seja, que ainda há 13,3 milhões de desempregados.

Esse ligeiro alívio teria ocorrido devido ao aumento da taxa de informalidade, ou seja, das pessoas que trabalham sem carteira assinada.

Do nosso ponto de vista como consumidores, a falta de atividade profissional nos leva a reconsiderar o orçamento, começando pelo corte das despesas ditas supérfluas. Normalmente, iniciamos pelo lazer, o que, maleficamente, nos deixa ainda mais tristes. É preciso achar formas mais baratas ou gratuitas de nos divertir para evitar uma depressão.

Temos de respirar fundo, levantar a cabeça e ajustar os gastos. Por mais doloroso que pareça, é uma medida prática para enfrentar um momento de perda, do qual nos recuperaremos mais adiante.

Como os governos, há contas das quais não podemos nos livrar, como aluguel ou prestação da casa, condomínio, luz, água, gás, telefone e plano de saúde. Em alguns casos, a escola particular das crianças é substituída por uma pública. Há, ainda, despesas fundamentais à sobrevivência, como a compra de alimentos e remédios.

Essa pressão leva alguns profissionais a procurar ajuda para encontrar um novo emprego. Golpistas desumanos oferecem ofertas de trabalho inexistentes para surrupiar as poucas reservas financeiras dessas pessoas. Para evitar golpes assim, temos de lidar com algumas verdades:

- Bons empregos são raros e, portanto, disputadíssimos por quem tenha formação, experiência, domínio de idiomas etc. Não são oferecidos por empresas desconhecidas que cobrem taxas estranhas
- Quando companhias necessitam contratar grandes contingentes de profissionais, essa informação aparece nos meios de comunicação
- Sua rede de relacionamento costuma saber quando haverá novas vagas. Converse com ess
as pessoas. Participe de grupos nas redes sociais que debatam temas como novas oportunidades de trabalho
- Atualize seu currículo
- Se tiver condições, faça um curso de reciclagem profissional
- Prepare-se para trabalhar por projeto, sem vínculo empregatício
- Fique por dentro das novidades tecnológicas, leia jornais, livros, vá ao cinema, exposições
- Acima de tudo, muito cuidado com o que posta nas redes sociais
- Não faça depósitos de dinheiro para ter direito a eventuais vagas de trabalho, sob a desculpa de fazer exames, ajustar currículo, adquirir passagens ou pagar teste psicológico
- Abra o olho com sites especializados que ofereçam exposição gratuita de seu currículo por alguns dias. Normalmente, é uma isca para que você contrate esse serviço por mais tempo. Informe-se nas entidades de defesa do consumidor se há reclamações contra essas agências

E lembre-se de que recrutadores, headhunters e outros especialistas de recursos humanos também se informam sobre você a partir dos likes, comentários e vídeos postados nas redes. Radicalismo político e brincadeiras de mau gosto não ajudam a obter um novo emprego.

O mundo está muito mais sofisticado. Ser um profissional qualificado e experiente ajuda, mas não basta. As empresas querem saber quem somos de verdade, antes de nos integrar às suas equipes. E isso não vai mudar mesmo quando a economia voltar aos trilhos do crescimento.


Endereço da página: