Folha de S. Paulo


Dona do seu nariz, Anitta mostra como ser artista no século 21

RIO DE JANEIRO - Se, em número de visualizações no YouTube, este foi o ano da cantora sertaneja Marília Mendonça —a mais ouvida do país, como mostrou o excelente especial feito pela Folha—, em termos de exposição total (aí incluídos mídia, fãs, "haters" etc.) ninguém superou a carioca Anitta, 24.

A estreia de seu mais recente vídeo, "Vai Malandra", na última segunda (18), confirmou o tamanho do fenômeno: mais de 25 milhões de visualizações até a noite desta quarta (20), apenas no canal oficial; 18º lugar no ranking mundial das mais ouvidas no Spotify —a primeira em português a conseguir o feito. E, como de hábito, diversas polêmicas nas redes sociais.

As acusações de objetificação da mulher —porque a moça aparece rebolando em close e com um biquíni feito de fita isolante, dentre outras coisas— não são novidade na carreira dela. Tampouco o são as de apropriação cultural (porque o clipe foi gravado em favela, com toda a estética e símbolos locais).

Anitta, cria do subúrbio de Honório Gurgel, escolada nos bailes funk de comunidade, passou reto por esse bate-boca. Assim como pela gritaria causada pela participação do fotógrafo americano Terry Richardson, acusado de assédio sexual em um caso anterior à gravação do clipe.

O que "Vai Malandra" confirma é o tino empresarial e artístico de Anitta. Ela entendeu como poucos que a autogestão é o modelo dominante para cantores neste século, assumindo as rédeas de sua carreira e direcionando-a primeiro ao sucesso nacional e, aos poucos, a um projeto internacional bem estruturado.

Gravou em espanhol e em inglês, diversificou seus ritmos e aliou-se a inúmeros parceiros estrangeiros e nacionais para aumentar sua visibilidade. Ainda dá suas cabeçadas de vez em quando, mas sabe aonde está indo. O que é mais do que se pode dizer de 90% de seus colegas.


Endereço da página:

Links no texto: