Folha de S. Paulo


Mesmo com lucro, criador do Rock in Rio defende uso de dinheiro público

Eduardo Anizelli/Folhapress
RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL, 18-09-2015, 18h52: Show dos 30 anos de Rock in Rio, com Frejat e Ney Mato Grosso, no palco Mundo, durante o primeiro dia do festival Rock in Rio que acontece na Cidade do Rock, no Rio de Janeiro. Esse ano o evento completa 30 anos de historia. (Foto: Eduardo Anizelli/Folhapress, ILUSTRADA)
Público no Rock in Rio de 2015

RIO DE JANEIRO - Começa nesta sexta (15) a sétima edição nacional do Rock in Rio, um dos maiores festivais de música do mundo. Orçado em R$ 200 milhões, dá lucro antes mesmo de abrir seus portões –seus patrocínios superam os R$ 100 milhões, seus 700 mil ingressos (R$ 455 cada) esgotam-se previamente.

Na visão de seu criador, o publicitário Roberto Medina, é o tipo de evento em que o Rio deveria investir, para salvar-se da crise. Com 60% de seu público vindo de fora do Estado, o festival movimenta a economia como poucos.

Tome-se como exemplo a taxa de ocupação de hotéis, que estava em 30% e passou para a casa dos 70% nos finais de semana do RiR. A associação hoteleira estima receita potencial de R$ 74 milhões com hospedagem e arrecadação de R$ 3,7 milhões em ISS para o município.

Curiosamente, apesar de ter criado seu festival na raça em 1985 —perdendo dinheiro, mas sem recorrer aos cofres públicos—, Medina hoje defende que o governo deveria bancar esse tipo de projeto. Após usar isenção fiscal via Lei Rouanet em duas edições do Rock in Rio (e ser bombardeado por isso), o empresário diz ter aberto mão desse tipo de incentivo só para evitar polêmica.

Sua convicção de que está certo, no entanto, não mudou: para ele, o governo deveria incentivar quem já tem "receita de sucesso", para não jogar dinheiro fora. Em linha com esse raciocínio, elaborou um plano no qual a Prefeitura do Rio daria R$ 200 milhões para 20 eventos de entretenimento privados, como uma edição local do Montreux Jazz Festival.

Por que alguém que tem uma receita de sucesso estabelecida precisaria de ajuda governamental não fica muito claro. E, como mostram JBS, Odebrecht e congêneres, o subsídio público direcionado aos "campeões nacionais" não raro deságua em corrupção.


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