Folha de S. Paulo


Página louva as tradições e a cultura dos subúrbios cariocas

Carolina Fonseca/Reprodução/Facebook
Post da página do Facebook
Foto postada na página do Facebook "Suburbano da Depressão"

RIO DE JANEIRO - As tias com as toalhinhas usadas para enxugar suor. Os coroas relíquias jogando dominó e baralho nas praças. Os vendedores ambulantes, nos trens e nas ruas, com seus slogans sensacionais ("Pessoal, são os ovos que fizeram a galinha chorar"). A batata frita de Marechal Hermes. Os almoços regados a "macarronese".

Tudo isso é Rio, mas aquele desconhecido pelos turistas e moradores da zona sul em geral: o dos subúrbios. Esses e diversos outros ícones da imortal cultura suburbana carioca são retratados diariamente com humor e carinho na página Suburbano da Depressão, no Facebook.

Criada em 2012 pelo estudante de história Vitor Almeida, 28, suburbano de Olaria, atualmente em Santa Cruz, a página tem hoje quase 250 mil seguidores e gerou um livro de causos e contos.

"A página foi criada para ironizar o fato de os próprios moradores dos subúrbios cariocas não valorizarem o espaço em que vivem em detrimento dos pontos mais privilegiados da cidade", diz Vitor. Ele também debocha dos emergentes que torcem o nariz para suas raízes ao se mudarem para bairros como o Recreio e a Barra.

O mais interessante é que, apesar de valorizar a imensa tradição cultural e social da zona suburbana, a página não sustenta uma visão idílica, tampouco se atém aos estereótipos romantizadores dos "apartamentistas" da rica zona sul. Os perrengues diários por que passam os moradores estão registrados ali, assim como sua capacidade de improvisar e de se virar.

Quando o Rio começa a pifar, como vem acontecendo, é alentador olhar para a galera suburbana, acostumada a lidar com o descaso dos governos ausentes sem perder o rebolado e o bom humor. Quando essa cidade der certo, vai ser por causa dessa gente que escolheu suburbanizar.


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