Folha de S. Paulo


Como ciclovia interditada, PMDB do Rio é corrompido e perigoso

Ricardo Borges/Folhapress
Trecho da nova ciclovia Tim Maia, inaugurada recentemente, na Avenida Niemeyer em São Conrado na zona sul do Rio de Janeiro, desabou após ser atingida pela ressaca do mar, nesta quinta-feira (21). Duas pessoas morreram.
Trecho da ciclovia Tim Maia, no Rio, que desabou após ser atingida pela ressaca do mar, em 2016

RIO DE JANEIRO - O Conselho Regional de Engenharia do Rio apresentou, nesta terça (28), um laudo que aponta falhas estruturais graves na ciclovia Tim Maia. Elaborado por ordem da Justiça, ele recomenda que o caminho permaneça fechado até passar por reparos emergenciais.

É a mesma obra de R$ 45 milhões cujo trecho desabou há um ano, matando duas pessoas. O Crea identificou vários pontos de corrosão e fissuras. A polícia, que indiciou 14 pessoas pelas mortes, apontou falhas desde a licitação até a execução.

Seria justo que a prefeitura renomeasse o local para homenagear o PMDB fluminense, poupando Tim Maia da associação com algo tão falho. Tal qual a mal planejada e mal executada ciclovia, o domínio peemedebista sobre a cidade e o Estado do Rio pode ter parecido bom por um tempo, mas revelou-se uma obra cara, corrompida e perigosa, que caminha para uma interdição completa.

Se a prisão do ex-governador Sérgio Cabral se assemelhou à queda da pista, as prisões, nesta quarta (29), de cinco dos sete conselheiros do Tribunal de Contas do Estado, além da condução coercitiva do presidente da Alerj, o também peemedebista Jorge Picciani, foram equivalentes ao laudo do Crea: uma indicação clara de que o problema não era pontual, mas generalizado, e que vai ser preciso refazer tudo.

As investigações e delações vão colocando sob suspeita basicamente todos os que se envolveram com as administrações do PMDB fluminense. Essa desconfiança generalizada, plenamente justificada, trava as chances de tirar o Rio da calamidade.

O projeto de recuperação fiscal dos Estados, por exemplo, teve sua votação adiada na Câmara depois da operação desta quarta porque não havia "clima", segundo o relator, o peemedebista Pedro Paulo. Oxalá a salvação do Rio não fique atrelada à sorte do partido que o governa.


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