RIO DE JANEIRO - Prestes a encerrar seus oito anos à frente da Prefeitura do Rio, Eduardo Paes (PMDB) vem fazendo uma retrospectiva nas redes sociais. Nas postagens, usa as hastags #ameiserprefeitodorio e #játôcomeçandoasentirsaudade.
Não há por que duvidar de sua sinceridade, mas essa certamente não tem sido a despedida que ele imaginava. Seus sigilos fiscal e bancário foram quebrados pela Justiça, seus bens bloqueados e seu nome citado por um dos delatores da Odebrecht.
Pior: nos estertores de seu mandato, Paes parece ter ligado o "tô nem aí" (para não usar a variante chula) e vem tomando decisões que prejudicam os cariocas –que, coincidentemente, não levaram o candidato do prefeito nem ao segundo turno.
Dois casos do sistema de transporte são exemplares. Primeiro, a prefeitura descumpriu um acordo judicial de 2014 que previa que todos os ônibus da cidade teriam ar condicionado até o fim deste ano, o que não é mais exequível. Qualquer pessoa que já tenha pegado um coletivo no Rio no verão sabe que não se trata de luxo, mas de condição mínima de salubridade.
Apenas 40% da frota é climatizada, no entanto. O descumprimento do acordo ainda resultará em uma herancinha maldita para o próximo prefeito, Marcelo Crivella: multa de R$ 20 mil por ônibus que descumpra a regra.
A outra medida altamente impopular foi a sanção de uma lei que proíbe o Uber no Rio, no início desta semana. O prefeito preferiu ficar ao lado do atraso e das máfias de taxistas, que deram mais um exemplo de seu comportamento criminoso ao depredar o lounge da empresa no aeroporto Santos Dumont, no último dia 29, e agredir mais um motorista.
Mas Paes não ficará na área para acompanhar os efeitos de suas decisões. Embarcará para uma longa temporada nos EUA, onde poderá usar Uber e ônibus decentes.