Folha de S. Paulo


Milícias transformam eleição no Rio em faroeste

Simone Marinho - 27.fev.2014/Agência O Globo
Rio de Janeiro (RJ), 26/09/2016, Presidente da Portela assassinado (Arquivo) - Foto de 27.02.2014. O presidente da Portela e candidato a vereador pelo PP, Marcos Falcon, foi assassinado a tiros na segunda-feira (26), informou o 9º Batalhão de Polícia Militar, de Rocha Miranda. O crime aconteceu dentro do comitê de campanha de Falcon, na Rua Maria José, em Oswaldo Cruz. Segundo moradores, homens teriam chegado de moto e começado a atirar, por volta das 16h. Foto: Carnaval - Portela. Foto: Simone Marinho / Agência O Globo ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
O presidente da Portela e candidato a vereador pelo PP, Marcos Falcon, assassinado na segunda (26)

RIO DE JANEIRO - Na tarde de segunda (26), o candidato a vereador pelo PP Marcos Vieira de Souza, o Falcon, foi morto a tiros dentro de seu comitê, em Madureira, zona norte do Rio. Ele também era policial militar e presidente da Portela. O crime ainda não foi esclarecido, mas há forte suspeita de motivação política e do envolvimento de milicianos.

Um dia depois do assassinato, um grupo de 30 homens esteve em pontos de distribuição do jornal "Extra" na cidade de São Gonçalo — segundo maior eleitorado fluminense — para roubar exemplares de um caderno que trazia denúncia do Ministério Público Federal contra o ex-presidente da Câmara local, candidato a vereador pelo PMDB.

Os casos não têm relação direta, mas são os exemplos mais recentes do clima de faroeste em que se dá a atual campanha eleitoral no Rio. Nos últimos 11 meses, mais de 20 pessoas envolvidas em campanhas políticas foram mortas no Estado — 14 delas na Baixada Fluminense, em oito cidades.

O Rio vive a tempestade perfeita: em autodeclarado estado de calamidade financeira, é incapaz de sustentar suas forças de segurança (fora as de saúde, educação etc.) justamente quando as milícias se expandem geográfica e politicamente. O jornal "O Globo" revelou uma das facetas desse domínio: candidatos que quisessem fazer propaganda nas áreas controladas pelos criminosos precisavam pagar pedágios que iam de R$ 15 mil a R$ 120 mil.

O fim de semana da votação contará com a presença das Forças Armadas na capital e em outras dez cidades, solicitada pelo Tribunal Superior Eleitoral para tentar garantir ao menos um simulacro de eleições livres. O estrago pré-eleitoral, no entanto, já foi feito. E não há nenhum sinal de que haverá, pós-eleição, forças capazes de conter a crescente influência política dos milicianos.


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