Folha de S. Paulo


Fim de caso

RIO DE JANEIRO - O relacionamento entre o PT federal e o PMDB do Rio foi razoavelmente longo e bem-sucedido. Começou nos mandatos do presidente Lula e do governador Sérgio Cabral e rendeu ao Estado sua melhor fase em décadas.

Mas, quando se instalou o cenário da proverbial casa em que falta pão –com a aparição da Lava Jato, a queda do preço do petróleo e o fim das grandes arrecadações, grandes obras e grandes propinas–, as desavenças se avolumaram.

Principal esteio regional do governo federal petista por muitos anos, o PMDB fluminense sempre guardou em si a semente da separação que ora se concretiza –basta lembrar da chapa "Aezão", lançada por Jorge Picciani e defensora do voto em Aécio para presidente e em Luiz Fernando Pezão para governador. Ou da figura de Moreira Franco, ex-ministro de Dilma e um dos principais articuladores da derrubada da presidente.

Além disso, como já era notório e tornou-se público com a divulgação de seu telefonema para Lula, o prefeito Eduardo Paes nunca gostou de Dilma: suas personalidades são divergentes e o pouco caso da presidente com a Rio-2016 foi a pá de cal em qualquer chance de um relacionamento mais caloroso.

Para justificar o abandono do barco, Picciani cita a incapacidade do governo Dilma de construir um "consenso mínimo" e acrescenta: "O quadro de denúncias se agravou nos últimos tempos e vemos que a sociedade avançou em sua insatisfação contra o governo".

O problema para os peemedebistas é que a avaliação certeira de seu líder estadual se aplica perfeitamente à prefeitura de Paes e ao governo de Pezão: o quadro de denúncias contra elas se agravou, bem como a insatisfação da sociedade.

Mas é claro que autocrítica não é o forte do PMDB –salvo se involuntária.


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