Folha de S. Paulo


De vítima a agressora

RIO DE JANEIRO - Numa metamorfose surpreendente, Alexandra Marcondes, ex-mulher de Pedro Paulo Carvalho –secretário-executivo da Prefeitura do Rio e candidato do PMDB à sucessão de Eduardo Paes–, tenta agora convencer a opinião pública e a Justiça de que não foi vítima de agressão dele, ao contrário: quem bateu foi ela.

O que a moça poderia ganhar com tal "giro radical", para usar a definição do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que pediu ao STF abertura de inquérito sobre o caso? Mais autonomia sobre a guarda da filha que tem com Pedro Paulo? Uma pensão mais caprichada? Paz de espírito, ao tentar evitar a condenação de um inocente?

O que Alexandra certamente ganhou foi antipatia de boa parte das mulheres –e de qualquer pessoa de bom senso– e a desconfiança da Justiça, uma vez que registrou em cartório três versões diferentes do incidente, incluindo uma em que negava que ele tivesse acontecido.

O ex-casal insiste em pedir que o assunto fique no âmbito pessoal, até para "preservar emocionalmente nossa filha"; é um contrassenso, dado que Pedro Paulo busca exposição como qualquer candidato a prefeito e vai ser questionado até o fim pelo crime e pelas mentiras. E isso sem que a campanha tenha começado.

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O Rio completa 451 anos nesta terça (1º). Cheguei a escrever "comemora", mas não é o caso: o último ano foi particularmente terrível para a capital fluminense, cuja situação degringola a reboque da falência do país e do Estado, mas não só por isso.

A festa será micada pelo segundo ano seguido: se em 2015 o fiasco foi o adiamento da abertura do Museu do Amanhã, que deveria ter sido o presente de 450 anos da cidade, neste ano nem sequer o tradicional bolo de aniversário a prefeitura pagou.


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