Folha de S. Paulo


A Olimpíada que encolheu

RIO DE JANEIRO - Com exceção da prefeitura de Eduardo Paes (PMDB-RJ), que sabe como a Olimpíada é importante para o Rio e vital para seu futuro político, nenhum dos outros níveis de governo vem dando a atenção necessária à Rio-2016 –Dilma e Pezão têm problemas muito maiores e mais imediatos.

Foi o Brasil de 2009, e o país que ele prometia ser em 2016, quem ganhou o direito de sediar os Jogos. Mas o desinteresse do governo federal fez com que eles se tornassem um evento local, que diz respeito apenas à cidade do Rio.

No discurso em que mais se aproximou de uma narrativa política para a Rio-2016, Dilma limitou-se a ler uma lista de "Dez Mandamentos" criados de improviso pela Prefeitura do Rio, todos centrados em benefícios locais, nada com perspectiva nacional ou de política externa.

Como não tinha um plano para aproveitar a exposição trazida com o megaevento –nem sequer um projeto para o turismo–, o governo federal foi pego desprevenido pela cobertura negativa da imprensa estrangeira, que começou com a preocupação em torno das águas poluídas da Guanabara, escalou para os efeitos da crise econômica nos Jogos e, agora, chegou aos riscos à saúde de atletas e turistas por causa da zika.

Ciente do vácuo de discurso e de olho em 2018, Paes já começou a vender ao público a tese de que a Rio-2016 será uma amostra do Brasil que dá certo, de um país que "não é só Lava Jato, roubalheira, falta de planejamento", como disse à Folha.

Descontada a marquetagem, o prefeito de fato tem um trunfo: até agora não há denúncias de corrupção nas obras dos Jogos, o que é praticamente um milagre, dado que a maior parte delas está a cargo das empreiteiras da Lava Jato.

Mas isso talvez se deva também à notória falta de transparência que envolve os gastos e obras olímpicas.


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