Folha de S. Paulo


O clã

RIO DE JANEIRO - Pouco conhecido fora da política fluminense, o clã dos Picciani vem ganhando espaço no vácuo deixado pelas quedas iminentes de seus correligionários Eduardo Cunha, o presidente da Câmara dos Deputados, e Pedro Paulo Carvalho, o candidato outrora favorito à Prefeitura do Rio.

O patriarca é Jorge Picciani, presidente do PMDB-RJ e da Assembleia Legislativa do Rio e mentor do movimento "Aezão", que pregava o voto em Pezão para governador e em Aécio para presidente –o que não o impediu de se unir ao governo Dilma quando a oportunidade surgiu.

E ela veio com a desgraça de Cunha, que entrou em guerra contra o Planalto e abriu espaço para que Picciani e seu filho Leonardo, deputado federal e líder do PMDB na Câmara, negociassem apoio à Dilma em troca de ministérios.

A família já havia feito escambo semelhante em nível municipal, cobrando caro do prefeito Eduardo Paes para apoiar seu candidato à sua sucessão, Pedro Paulo, em vez de lançar o nome de Leonardo Picciani na disputa.

Uma das exigências atendidas foi transformar o caçula do clã, Rafael, em secretário de Transporte.

Agora, com a presidência da Câmara e a vaga de candidato do PMDB à prefeitura do Rio prestes a ficar desocupadas, Leonardo vê a chance de ocupar uma delas. Mas parece pouco provável que os Picciani consigam sobreviver ao escrutínio que a ascensão política traz.

Já em abril seu sobrenome aparecia enrolado na Lava Jato, ainda que lateralmente. No mesmo mês, a revista "Época" mostrou como a família comprou ações de uma mineradora negociando com um acionista morto. Na semana passada, descobriu-se que a empresa fornece brita para obras da Rio-2016.

Como se vê, mudam os personagens, mas o PMDB fluminense não perde sua vocação para o escândalo.


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