Folha de S. Paulo


"Foi Suíça, é?"

RIO DE JANEIRO - Como se escolher um candidato que bate em mulher já não fosse problema suficiente, Eduardo Paes (PMDB) viu surgir nesta quarta (25), de modo absolutamente inesperado, mais um complicador para seus planos de fazer seu sucessor na Prefeitura do Rio.

Paes vinha negociando com o senador Romário (PSB-RJ) seu apoio para o secretário-executivo da prefeitura, Pedro Paulo, na eleição municipal de 2016.

Os termos desta negociação são desconhecidos, mas a recém-revelada conversa entre o senador Delcídio do Amaral (PT-MS), o filho e o advogado de Nestor Cerveró sugere que o acordo pode ter passado pela Suíça.

Ao justificar seu atraso para a reunião com os representantes de Cerveró, Delcídio culpou um inesperado encontro com Paes e Romário, no qual foi informado de que a dupla havia fechado o apoio do ex-jogador a Pedro Paulo.

"Fizeram acordo, né? Foi Suíça, foi Suíça", disse Edson Ribeiro, advogado de Cerveró. "Foi Suíça, é?", perguntou o petista.

"Tinha a conta, realmente, do Romário", explicou o advogado, referindo-se à reportagem da revista "Veja" que acusou o ex-jogador de ter conta no banco suíço BSI, comprado em 2014 pelo BTG Pactual de André Esteves.

A reportagem foi questionada e, após o banco negar que a conta fosse de Romário, a revista se retratou.

Edson Ribeiro insinuou uma explicação a Delcídio: o "seu amigo do banco, que foi comprado" teria dito a Romário "tira, porque senão tu vai preso". O "aaaahhhhh" que os ouvintes fazem é típico de quem ligou os pontos e entendeu tudo.

Confrontados com a história, tanto Romário quanto Paes a negaram.

Não é o primeiro crime a ser negado nesta antecipada campanha eleitoral carioca. O anterior, como se sabe, só precisou de tempo e da imprensa para ser confirmado.


Endereço da página: