Folha de S. Paulo


Olimpíada obscura

RIO DE JANEIRO - Quanto vai custar a Rio-2016? O prefeito Eduardo Paes (PMDB) não soube responder, em recente sabatina da Folha e do UOL de que participou.

O orçamento atual do evento, somando gastos com os Jogos e com as obras de infraestrutura, é de R$ 38,67 bilhões. Vai chegar a R$ 40 bi ou mais? Paes não sabe e não parece estar muito interessado em deixar que os outros saibam.

Reportagem do UOL nesta semana mostrou que a prefeitura não disponibilizou contratos e informações sobre 12 obras olímpicas que foram requisitadas pelos jornalistas ao longo de um ano.

Surpresa nenhuma: entre as 27 capitais brasileiras, o Rio fica na 19ª posição na Escala Brasil Transparente, metodologia criada pela Controladoria-Geral da União para avaliar o grau de cumprimento às normas da Lei de Acesso à Informação.

A cidade, que não atende às requisições no prazo nem em conformidade com o que foi solicitado, recebeu nota 4,72 numa escala de zero a dez.

Além de esconder, a prefeitura também adota a tática de desagrupar as informações: R$ 409 milhões de gastos municipais e federais ligados à Rio-2016 simplesmente não constam do documento que descreve o custo oficial dos Jogos.

Estão excluídos da conta itens como a construção de arquibancadas, a compra de móveis para as vilas dos Atletas e de Mídia e as indenizações para moradores da Vila Autódromo.

Ao ser questionado, Paes não só assumiu a manobra como ainda tripudiou: "Vou dar sugestão para vocês fazerem uma matriz paralela. Ano que vem vou ter que dar horas extras para guarda municipal e operador de trânsito. E não vou colocar na matriz".

Neste cenário, não admira que o site que a prefeitura criou e anunciou com pompa para divulgar os dados da Rio-2016, o www.transparenciaolimpica.com.br, esteja fora do ar.


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