Folha de S. Paulo


Temos de dar a parlamentares direitos e deveres dos demais brasileiros

Amanhã se comemora o Dia Internacional do Trabalhador. Aqui no Brasil, em meio a uma reforma trabalhista e outra previdenciária, eu queria destacar uma categoria profissional que permanece praticamente à margem, excluída, abandonada em toda essa discussão. Deixo aqui meu repúdio a essa discriminação contra os parlamentares brasileiros.

Inadmissível que nossos congressistas suportem esse tipo de preconceito, sendo tratados por toda a vida de forma diferente de todas as demais categorias.

Como apanham calados nossos homens públicos, tomo aqui a liberdade de emprestar a eles minha voz para fazer algumas perguntas.

Débora Gonzales/Folhapress

Por que os parlamentares sofrem essa agressão de trabalharem de terça a quinta, e não têm a liberdade de trabalhar cinco ou seis dias por semana como as demais categorias?

Por que as leis brasileiras permitem essa invasão na vida privada de um deputado ou senador, pagando ou reembolsando todas as suas despesas médicas onde quer que seja, custeando suas passagens aéreas, suas despesas de escritório, a gasolina do seu carro, enfiando goela abaixo um apartamento funcional e várias outras humilhações que nenhum trabalhador sofre?

Por que deputados e senadores são excluídos das regras previdenciárias dos demais brasileiros e relegados a uma aposentadoria integral, com a qual é difícil viver?

Isso força pessoas que trabalharam às vezes extenuantes oito anos a acumularem aposentadorias de todos os lugares para chegar a uma nova injustiça: virarem sem-teto. Sim, todos os brasileiros, menos os pobres congressistas, têm direito ao mesmo teto de aposentadoria pelo INSS.

Falta espaço aqui para enumerar as gritantes diferenças de tratamento a que são submetidos nossos parlamentares. Mas, apesar de toda a sorte de injustiças, eles nos orgulham internacionalmente com os feitos que alcançam.

Em um ranking da revista "The Economist", os deputados federais brasileiros alcançaram o brilhante quinto lugar entre os mais bem pagos do mundo. Estamos atrás da Itália, dos EUA, do Japão e da Áustria, verdade. Mas ganhamos da Alemanha, da Grã-Bretanha, da França, da Rússia, e por aí vai. Aplausos.

Está na hora de acabar com essa eterna diferença de tratamento. Chega de privilégios! Nossos parlamentares não aguentam mais. Temos que parar de maltratá-los e dar a eles os mesmos direitos e deveres dos demais brasileiros. Ou alguém duvida que eles mereçam?


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