Folha de S. Paulo


Em ocorrências com jovens, postura defensiva dos pais preocupa

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SAO PAULO/SP BRASIL. 21/01/2018 - Leandra Leal no pre-Carnaval neste domingo no ensaio do Acadêmicos do Baixo Augusta.(foto: Zanone Fraissat/FOLHAPRESS, COTIDIANO)***EXCLUSIVO***

No programa humorístico "Viva o Gordo" (Globo), nos anos 1980, havia um personagem que fazia questão de não enxergar o comportamento do filho. Daí surgiu o bordão "tem pai que é cego".

Ao longo destas férias escolares, me lembrei várias vezes da frase, mas, infelizmente, não foi engraçado.

Foram quase dois meses de férias e, diante da grana curta e do tempo chuvoso, as famílias viajaram menos. Logo, a molecada ficou no condomínio, e os problemas por falta de disciplina explodiram. Vida dura para zeladores, porteiros e síndicos, que precisaram de jogo de cintura e paciência.

Nos prédios que administro não foi diferente, e, apesar de uma ou outra ocorrência mais séria, tudo foi resolvido.

Pelas conversas com síndicos e zeladores, o que mais preocupa nas ocorrências com jovens é a postura dos pais, sempre prontos a defender seus filhos, por mais errados que estejam. Não falo aqui de traquinagem, mas de casos sérios, envolvendo depredação de patrimônio, desrespeito aos idosos, uso de drogas e até agressão física.

Pais que, em defesa dos filhos, usam argumentos pífios, quase inacreditáveis e, pior, tentam transferir aos funcionários do prédio o dever de olhar, cuidar e repreender os jovens.

Foram muitos casos de pais, constrangidos e incrédulos, assistindo a imagens gravadas pelas câmeras do condomínio, capazes de comprovar o comportamento nocivo dos filhos. Ainda assim, muitos falam em perseguição e dizem que vão pedir indenização por dano moral. Realmente tem pai que é cego.

Combater o mau uso das áreas comuns e garantir um ambiente de paz e harmonia, sem abrir mão do lazer e diversão, é uma tarefa complexa. Mas algumas medidas podem ajudar nessa missão:

1) Campanha de conscientização, com cartas e comunicados;

2) Revisão e modernização do regulamento interno, com regras claras sobre horários, forma de usar e proibições para cada espaço. Inclusão, no regulamento, de penalidades mais severas aos reincidentes;

3) Investir em bons sistemas de câmeras, para inibir mau comportamento e gerar prova material para punir os infratores;

4) Nos condomínios maiores, criação de uma comissão de pais, para tratar de assuntos disciplinares.

Tenho três filhos, moro em condomínio e sou o síndico. Que bom que as férias estão acabando!


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