Folha de S. Paulo


Em pleno século 21, tem muita gente que ainda joga lixo pela janela

Em pleno século 21, na maior cidade do país, num mar de prédios, tem gente que ainda joga lixo pela janela.

E tem de tudo, de bituca de cigarro a preservativo. Falta de educação imperdoável, porquice, que ameaça a segurança dos transeuntes.

Aos síndicos, cabe distribuir circulares, relembrando a proibição de jogar lixo e objetos pela janela, sob pena de advertência e multa. Ora, mas será que um cidadão que deliberadamente arremessa lixo de sua janela vai atender o pedido? Duvido.

Missão quase impossível identificar o infrator que, se flagrado, deve ser duramente penalizado.

Para piorar, muitas construtoras passaram a incluir, no térreo, os apartamentos "garden", com uma espécie de quintal estendido. Um expediente para aumentar a rentabilidade, com um apelo comercial interessante, já que morar num apartamento desse soa encantador.

Na prática, muitos "gardens" viram verdadeiras lixeiras, acumulando objetos lançados pelos apartamentos de cima. Há proprietários que levam na esportiva e até guardam os mais inusitados. Mas de quem é a responsabilidade se um objeto cair na cabeça de uma criança?

A solução é a instalação de coberturas nos jardins, descaracterizando o projeto arquitetônico e gerando discussões jurídicas nas assembleias.

Recentemente, num condomínio que administro, o morador do apartamento "garden" reclamou do lixo jogado em seu quintal.

Lamentei o ocorrido, expliquei que não havia muito a fazer e soltei uma circular a todos os vizinhos.

Não adiantou. Ele notificou o condomínio, ameaçando uma ação judicial. Respondi que não havia como identificar o infrator e ressaltei que a maior arma é a conscientização.

Inconformado, ele entrou com um processo, pedindo uma indenização por danos morais de R$ 20 mil. Ganhou e a sentença foi confirmada pelo tribunal, já de forma definitiva.

Foi o primeiro caso que acompanhei e confesso achar injusto que todos paguem pelo erro de poucos. Por outro lado, não é justo que um morador sofra diariamente por causa da falta de educação de alguns vizinhos.

Mais um tema complexo e polêmico nessa dura arte de viver em harmonia nos condomínios.


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