Folha de S. Paulo


Medir palavras evita conflitos

Os desentendimentos entre vizinhos não param de crescer. Nos condomínios, vivemos um triste período de intolerância e falta de paciência. Percebo que, na esmagadora maioria dos casos, o que falta aos moradores é tato, jeitinho e gentileza ao falar, criticar ou reclamar.

Quando nos dirigimos a um vizinho, seja nas assembleias ou pelo interfone, precisamos respirar fundo, escolher bem as palavras e evitar adjetivos pesados, afinal de contas, vizinho é alguém muito próximo, com quem convivemos diariamente, por anos. Não há nada mais constrangedor do que pegar o elevador com um desafeto, aquele minutinho parece uma eternidade.

Os atritos entre vizinhos de porta ou de andar ocorrem quase sempre por causa do barulho, seja em razão do comportamento abusivo do morador barulhento, ou por causa do "reclamão", com sensibilidade exacerbada. Ao reclamar ou responder a uma queixa, a abordagem, o tom de voz e a coerência são determinantes para evitar o acirramento dos ânimos, sem comprometer a resolução do problema.

Já os atritos coletivos, aqueles que envolvem temas da gestão e administração do condomínio, geralmente ocorrem durante as assembleias e frequentemente terminam em tumulto e até processo judicial –talvez seja esse o motivo de as assembleias estarem cada vez mais vazias. Tudo acontece quando um morador ataca o síndico ou o grupo gestor com palavras ofensivas ou então quando quem está no comando não aceita críticas e indagações.

Por fim, temos os conflitos generalizados, fomentados pelos vizinhos que chamo de "leões de teclado", os que adoram usar as redes sociais para debater assuntos delicados, acusando e julgando vizinhos, sem dar chance de defesa.

Os síndicos têm um papel fundamental para prevenir brigas e devem agir como pacificadores sociais. Alguns condomínios até mesmo criaram comitês de disciplina, justamente para avaliar as situações conflituosas, ajudar a encontrar soluções e aplicar as penalidades cabíveis aos maus vizinhos. Uma gestão transparente, com boa comunicação e aplicação justa do regulamento interno, é fundamental para evitar confusões.


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