Folha de S. Paulo


Queridos funcionários

Seis horas da manhã, pontualmente, o sr. Pedro, porteiro matutino do condomínio, já está na guarita, sorridente e atento. Cumprimenta a todos e saúda os moradores pelo nome. Conhece até o "tio da perua escolar" que vem buscar as crianças.

Ao sair para trabalhar, encontro o elevador limpo e cheiroso. Passo pelo hall de entrada, igualmente limpo e cheiroso. No caminho até a guarita, encontro a dona Maria, a faxineira mais antiga do condomínio, feliz, cantarolando baixinho um hino evangélico. No trajeto, avisto seu Zé, zelador, limpando a piscina. Sisudo e sério, como sempre.

Lá pelas tantas, após uma longa jornada de trabalho, retorno para casa e o sr. Manoel, porteiro da noite, faz um sinal de positivo, desejando-me um bom descanso.

Agora que estamos chegando ao final do ano, que tal repararmos um pouquinho mais nesses profissionais?

Abnegados funcionários que garantem nossa segurança e bem-estar, que zelam pelo nosso patrimônio e que, acima de tudo, cuidam de nossos filhos e entes queridos o ano inteiro. Que muitas vezes aturam moradores petulantes e arrogantes, com tamanho jogo de cintura e sabedoria, pois acima de tudo precisam garantir o emprego.

Na correria do dia a dia, dificilmente temos tempo para uma boa conversa. Dias atrás resolvi puxar papo com a dona Maria. Com mais de 50 anos de idade, acorda às 4h da manhã, prepara o café, deixa o almoço pronto, medica o marido inválido, cuida da neta e pega o ônibus. Aliás, dois ônibus e quase duas horas de viagem.

Pega duro no batente até as 17h e, depois, vai fazer um bico como passadeira. Chega em casa após a novela das nove ... Ganha aproximadamente R$ 900 e agradece a Deus todos os dias pela saúde forte que tem.

Vamos caprichar na caixinha de Natal, cobrar do síndico que os presenteie com uma boa cesta e, acima de tudo, vamos tratar bem nossos funcionários, todos os dias do ano.

Nos prédios com terceirizados, costuma ocorrer uma intensa rotatividade, tornando mais fria a relação e fragilizando a segurança de todos.

Assim, cabe ao síndico exigir que a empresa fidelize uma equipe, inclusive o folguista, para possibilitar maior segurança e integração.


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