Folha de S. Paulo


Diversifique para reduzir os riscos dos investimentos

Fernando de Almeida/Folhapress

Poucos brasileiros têm o hábito de investir, e muito se deve à dificuldade de escolher o investimento mais adequado. A dificuldade de escolha, por sua vez, decorre do baixo conhecimento acerca dos mercados financeiro e de capitais, que oferecem muitas alternativas. Muitas mesmo, até demais, gerando desconforto em investidores que encontram refúgio na poupança, embora não seja a alternativa mais rentável.

Os números revelam que a esmagadora maioria dos brasileiros investe em renda fixa. Esse será,
portanto, o foco das atenções.

Renda fixa, nome ruim que, além de não explicar direito do que se trata, induz a erro. A palavra "fixa" remete a "sei quanto vou ganhar", "é seguro", "não vou perder dinheiro". Falso entendimento. Todo investimento tem risco, inclusive na renda fixa. O risco faz parte do jogo e, embora não possa ser evitado,
deve ser conhecido e administrado.

São três os riscos do investidor em renda fixa: crédito (calote, não receber o dinheiro de volta), mercado (chance de receber menos do que investiu) e liquidez (não sair da
aplicação antes do vencimento).

Para o risco de crédito, existe a proteção do FGC (Fundo Garantidor de Créditos), que garante os depósitos bancários até o limite de
R$ 250 mil por investidor. Para os outros riscos, não existe proteção.

Diversificar, o bom e antigo
conselho de não colocar todos os ovos na mesma cesta, ajuda muito na hora de resolver dois problemas: reduzir riscos e escolher
o melhor investimento.

A renda fixa tem basicamente três modelos de remuneração: taxa
pós-fixada (acompanha a taxa DI ou Selic), taxa prefixada (definida na hora da compra) e índice de inflação (acompanha a variação do
IPCA mais taxa prefixada de juros).

A taxa pós-fixada é a mais indicada em cenário de alta na taxa de juros e também em períodos de muita incerteza. Ideal para investir o
dinheiro da reserva financeira que pode ser resgatada a qualquer momento. Salvo risco de crédito, o investidor receberá
a variação média da taxa de juros do período do investimento.

Mais especulativa, a taxa prefixada leva vantagem em cenário de queda na taxa de juros, mas é importante embarcar nessa estratégia antes de a taxa cair. A taxa negociada será paga somente no vencimento. Antes disso, o valor do título oscila e o investidor pode
perder dinheiro se vender, antes do vencimento, em cenário desfavorável (elevação dos juros).

A remuneração que combina a variação do IPCA mais taxa prefixada de juros é a melhor recomendação para quem deseja proteger o dinheiro investido contra a inflação. É necessário esperar o vencimento do título para garantir esse retorno. Se vendido antes do vencimento,
pode ganhar ou perder dinheiro.

Qual dos três é melhor? Depende do objetivo a ser alcançado. Se for o dinheiro da reserva financeira da família, taxa pós-fixada.
Se a reserva financeira já existe, se você acredita na queda da taxa de juros e pode esperar o vencimento, a taxa prefixada vai bem. Dinheiro de longo prazo, aposentadoria, educação dos filhos pequenos, é recomendável
a proteção contra a inflação.

Como é muito difícil antecipar os acontecimentos, mesmo para os especialistas, que tal simplificar a vida e montar uma carteira diversificada com um pouco de cada coisa? A dica é ótima, mas tem um problema. Se dividirmos o bolo em três fatias, nosso poder de barganha diminui e a remuneração cai. No mercado de fundos de investimento e planos de previdência, por exemplo, os custos são menores
quando a aplicação inicial é maior.

Melhor lugar para diversificar com pequenos valores e receber remuneração de grandes investidores? Tesouro Direto. Lá você encontra os três títulos para diversificar: Tesouro Selic, Tesouro Prefixado e Tesouro IPCA+.

As corretoras independentes oferecem opções rentáveis (com maior risco de crédito) para aplicações de menor valor. Uma estratégia válida se for observado o limite da garantia do FGC. Se você já tem tamanho para barganhar com os grandes bancos, é fácil diversificar com a farta oferta de produtos. Sempre
de olho nos riscos e nos custos.


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