Folha de S. Paulo


Mudança de hábitos

Editoria de Arte/Folhapress
Ilustra Dessen

Sabe aquele negócio da China, a compra parcelada da TV de tela plana, de 42 polegadas? Não parece mais um bom negócio depois de pagar 18 meses de juros. A prestação que parecia fácil de pagar não coube no orçamento e a fatura do cartão está sendo financiada com muito esforço, preocupação e dinheiro, muito dinheiro.

Só de juros pagou o preço de outra TV mais um fogão que não foram comprados! Revendo as faturas antigas, somou o montante de juros pagos e quase teve um ataque: dois salários inteiros em apenas dois anos! Sério? Acha mesmo que essa é a melhor maneira de gastar o seu dinheiro?

Achou o exemplo exagerado? Dê uma olhada nas faturas do cartão dos últimos 12 meses e calcule o montante de juros que você pagou. Depois, repense seus hábitos de consumo e pense em formas mais inteligentes de usar o seu suado dinheiro.

PROTEGER-SE DO DESEMPREGO

A taxa de desemprego está elevada e pode subir um pouco mais. O risco de perder o emprego, uma possibilidade cada vez mais presente. Não ter uma reserva financeira para enfrentar esse risco pode ser devastador. Pare ou reduza compras parceladas no cartão de crédito e direcione parte do seu salário para formar essa reserva.

É muito mais fácil enfrentar o cenário de desemprego e outras situações inesperadas se estiver preparado financeiramente para enfrentá-las.

EDUCAÇÃO DOS FILHOS

O custo médio de apenas um ano, para um único filho, em uma boa escola privada, pode ser de R$ 18.000. O custo anual de uma boa universidade pode chegar a R$ 40.000. Os cursos de especialização e pós-graduação, cada vez mais necessários, custam outra pequena fortuna. Se você quer oferecer educação de qualidade a seus filhos, é recomendável formar uma reserva financeira para dar conta dessa despesa. É muito melhor investir no futuro das crianças do que enriquecer as administradoras de cartões de crédito, você não acha?

RECEBER JUROS

Que tal parar de pagar juros e começar a receber juros? O mercado pune o consumidor que financia a fatura do cartão com juros absurdos. Quem mantém uma dívida de R$ 10 mil no cartão por um ano paga cerca de R$ 50 mil de juros. É isso mesmo! Com juros de 16% ao mês, praticado no mercado, esse é o tamanho da encrenca.

Quem investe os mesmos R$ 10 mil por um ano recebe juros de aproximadamente R$ 1.200. Somando o que se paga com o que deixa de ganhar por não investir, são R$ 51.200 por ano que saem do bolso. De que lado da mesa você quer estar? Já pensou em quanta coisa daria para fazer com tanto dinheiro?

FUTURO MELHOR

Muitos brasileiros contarão apenas com a pensão do INSS na aposentadoria e terão de reduzir consideravelmente seu padrão de vida. Outros contam, adicionalmente, com o dinheiro acumulado no FGTS. Você pode mudar essa história e escrever um final bem mais promissor. Se você investir o dinheiro gasto com juros no cartão, suponha R$ 12 mil por ano, terá uma confortável poupança de cerca de R$ 200 mil em dez anos, considerando juros de 9% ao ano.

PORQUE EU POSSO

Quanto mais cedo você reagir, mais fácil será eliminar a dívida do cartão de crédito. Você só precisa reduzir as compras até o valor que caiba no seu orçamento, que seja possível quitar a fatura do cartão no vencimento.

Faça ajustes no plano da TV a cabo, internet e celular. Consumo de água e energia, outros cortes que podem ser feitos. Assim, você pode obter dinheiro para acelerar a quitação do saldo devedor e tirar esse peso dos ombros. Apagar a luz, reduzir o tempo do banho, ajustar o tipo de plano dos diversos fornecedores, renegociar contratos.

Livrar-se dessa armadilha dos juros do cartão é muito mais uma questão de mudança de hábitos do que grandes sacrifícios. Antes do que você imagina, poderá iniciar um novo ciclo e nunca mais cair nessa espiral traiçoeira de juros. Consegue pensar em outras formas e razões para eliminar a dívida do cartão neste ano?


Endereço da página: