Folha de S. Paulo


Não desista de seus sonhos

Tempos difíceis. A inflação elevou o preço de muitos produtos e serviços que antes cabiam no seu bolso e agora não cabem mais. O exercício de reduzir, cortar, escolher o que fica e o que sai está sendo feito por muita gente. Quem continua gastando como se nada estivesse acontecendo está indo por um caminho perigoso, certamente assumindo dívidas, cada vez mais caras.

Quem faz orçamento aprimora. Quem não faz precisa começar o quanto antes. O orçamento, controle de todas as despesas do mês, é a ferramenta que permite administrar e limitar os gastos dentro da disponibilidade de caixa. O que não cabe deve ser reduzido, eliminado ou transferido para o próximo mês.

SONHOS

Nesse exercício, uma coisa não pode sair do seu orçamento: seus sonhos, seus projetos de vida. Eles continuam sendo nossa prioridade. Para assegurar que não faltará dinheiro para a realização dos sonhos, são colocados em primeiro lugar no orçamento, antes de listar as despesas necessárias e outros gastos. Assim, se tiver que cortar alguma coisa, será dos gastos voluntários, menos importantes.

Muita gente fala que não consegue guardar dinheiro, que não sobra nada no fim do mês. Ou, pior ainda, que o dinheiro se esgota antes de o mês acabar e os últimos dias são financiados com dinheiro emprestado, comprometendo parte do salário do próximo mês. Sabemos como essa história termina, e o final não é feliz.

Não espere sobrar dinheiro para investir visando seus objetivos futuros; não vai sobrar. E sabe o que a gente faz com a "sobra"? Jogamos fora, gastamos na primeira liquidação que aparece pela frente. Seu sonho não pode ficar com a sobra, é muito importante e deve ocupar lugar de destaque.

COMO

Quando receber o salário, pague a você em primeiro lugar. Separe cerca de 20% de sua renda líquida para os projetos que têm grande significado na sua vida: a compra da casa própria, a educação dos filhos, uma reserva financeira suficiente para atravessar períodos difíceis e, por que não, as merecidas férias em família para recarregar as baterias.

Depois, pague as despesas essenciais, sem as quais não podemos viver, as "necessárias": moradia, alimentação, educação, saúde e transporte. Verifique quanto cada item representa do orçamento disponível (em %) e avalie se a distribuição da renda está adequada.

Finalmente, o menos importante, os gastos voluntários, que podem ser reduzidos ou eliminados do seu orçamento por uns tempos ou para sempre. Corro o risco de errar nos exemplos porque o que é supérfluo para mim pode ser importante para você: academia, TV a cabo, celular, refeições fora de casa, presentes etc. É importante determinar que os cortes, se necessários, serão feitos aqui, nos itens classificados como de menor significado.

JURO ALTO

A notícia boa nesse período de incerteza e instabilidade é que a taxa de juros oferecida pelo mercado é alta, entre as maiores do mundo. Para reduzir o consumo e combater a inflação, estimada em 9% no ano, o governo procura atrair poupadores pagando juros de 14% ao ano. Significa que você pode ganhar 5% de juro real bruto ao ano!

A generosa política monetária de taxa de juros elevada premia o investidor que adia decisões de consumo e representa uma excelente estratégia de acumulação de dinheiro, sem a necessidade de correr riscos desnecessários.

Para ajudar na disciplina da poupança mensal, você pode programar uma aplicação automática em Tesouro Direto, fundos de investimento ou planos de previdência, por exemplo. A modalidade de investimento será definida de acordo com seus objetivos e nível de tolerância a riscos. Escolha os produtos com o menor custo (taxa de administração, custódia, corretagem etc.) e a menor incidência de Imposto de Renda possível.


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