Folha de S. Paulo


Convite para repensar seus investimentos

Quem assumiu riscos na carteira de investimentos tem motivos para comemorar. A valorização dos principais índices de ações e dos títulos indexados a índices de inflação finalmente premiou o risco do investidor.

Segundo dados do Tesouro Direto publicados no boletim de 3 de setembro, a rentabilidade bruta da NTN-B Principal com vencimento em 2035, foi 10,01% em agosto e 36,76% no ano. A rentabilidade bruta da NTN-F com vencimento em 2023, foi 3,74% em agosto, acumulando 20,48% no ano. Excelente retorno para o investidor que preferiu os ativos de mais riscos em relação aos atrelados à taxa DI, que se aproxima de 7% no mesmo período.

Essa valorização foi provocada pela queda da taxa de juros de longo prazo.

A taxa de juros (cupom) "da NTN-B Principal 2035, por exemplo, que chegou a 7% ao ano em fevereiro, pagava 5,28% ao ano em 3 de setembro. Quem comprou em 2014 está festejando os ganhos. Quem comprou há mais tempo, início de 2013, com cupom de juros na faixa de 4% ao ano e aproximadamente 9,2% no caso da NTN-F, está celebrando a recuperação de parte das perdas contabilizadas.

POR QUÊ

A redução dos juros de longo prazo e a valorização dos índices de ações derivam da leitura otimista do mercado em relação a possível vitória da oposição nas próximas eleições presidenciais.

Muito da alta da Bolsa se explica pela valorização expressiva em agosto de três companhias estatais: Petrobras PN, com ganho de 22,25%, Banco do Brasil ON, alta de 26,56%, e Eletrobras ON, valorização de 30,40%.

E AGORA?

Você concorda ou discorda da reação do mercado? Sua avaliação tende a ser mais econômica do que política? Hora de repensar.

Comprar, vender ou não fazer nada? Decisão importante que cada investidor deve tomar considerando suas próprias expectativas, objetivos de investimento, horizonte de tempo e tolerância a riscos. Não existe receita única. Talvez exista uma: não compre exclusivamente porque os preços subiram, nada garante que a valorização de agosto se mantenha nos próximos meses. Pelo contrário, após uma movimentação acentuada de preços, para cima ou para baixo, a tendência é de ajustes nos preços.

VENDER

Sua meta era especular com a possível queda no cupom de juros de longo prazo. Aconteceu, realize o lucro e repense uma nova oportunidade.

Você sofreu com a rentabilidade negativa dos ativos e por pouco não realizou o prejuízo; aguentou firme esperando uma recuperação. Ela veio. Avalie se é o momento certo para vender. Analise a alternativa de migrar para um título com vencimento mais curto, menos volátil, com rentabilidade ainda atrativa.

Você vai precisar do capital investido nos próximos meses e não quer arriscar que uma nova onda, desfavorável, o obrigue a esperar ou devolver parte dos ganhos nas posições de juros ou de ações.

COMPRAR

Você acredita em queda no cupom de juros e avalia que o nível atual, de 5,25% ao ano acima do IPCA, ainda tem gordura para queimar.

Você quer investir no longo prazo e pretende defender seu capital contra a inflação, assegurando uma taxa de juros real.

Pretende carregar o título até o vencimento ignorando a oscilação de preço no decorrer do período. Avalie a relação entre taxa de juros e prazo antes de decidir que título vai comprar.

MUDAR

Na quarta-feira, 3 de setembro, a taxa de juros da NTN-B Principal 2019 e 2035 era exatamente a mesma, 5,28% ao ano, apesar de 16 anos de diferença no prazo das duas.

Dependendo de sua análise em relação aos próximos anos, uma estratégia possível é minimizar o risco da carteira, reduzindo o vencimento dos títulos sem abrir mão da rentabilidade.

No caso do mercado acionário, vender ações que subiram muito e comprar ações com bons fundamentos e perspectiva de valorização pode ser um bom negócio.

VOCÊ DECIDE

Não interprete meus comentários como recomendação de compra ou venda de ativos, mas como um convite, uma provocação para pensar e repensar seus investimentos.

Sua escolha pode ser muito diferente da minha e ambos estarmos corretos, alinhados com momento de vida, objetivos e expectativas.


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