Folha de S. Paulo


O que a declaração de IR revela sobre as suas finanças

Você, assim como milhões de brasileiros, acabou de cumprir a obrigação anual de apresentar a declaração do Imposto de Renda da Pessoa Física. Os benefícios desse procedimento para a Receita Federal são claros.

O avanço da tecnologia permite ao governo cruzar as informações entre consumidores e prestadores de serviço, empresas e colaboradores, instituições financeiras e clientes, de tal forma que a Receita pode fiscalizar os diversos agentes econômicos envolvidos nas transações sujeitas ao pagamento do IR.

Seu objetivo central é aumentar a arrecadação.

Vamos colocar um novo olhar sobre a declaração e avaliar as informações que ela contém sob o seu ponto de vista, cidadão e contribuinte.

QUANTO GANHEI

O formulário apresenta quatro fichas distintas nas quais informamos todos os rendimentos recebidos durante o ano-calendário de 2013. Ao final desse preenchimento, você saberá quanto ganhou no ano passado.

Na ficha de rendimentos recebidos de pessoas jurídicas, estão listados os rendimentos provenientes de trabalho assalariado.

Em rendimentos recebidos de pessoas físicas, por exemplo, os aluguéis de imóveis. Em rendimentos isentos e tributáveis, entre outros, os juros pagos por investimentos que estão dispensados do pagamento do IR, como os depósitos em poupança, LCI (Letras de Crédito Imobiliário) e LCA (Letas de Crédito do Agronegócio).

Na ficha de rendimentos sujeitos a tributação definitiva constam, entre outros, seu 13º salário e rendimentos de aplicações financeiras em fundos de investimento, CDB (Certificados de Depósito Bancário) e Tesouro Direto, por exemplo.

A somatória das quatro fichas equivale ao montante de dinheiro que entrou no seu bolso em um ano.

Reflexão: quanto desse montante foi proveniente do seu trabalho? Quanto foi proporcionado por investimentos, ou seja, seu patrimônio gerando renda para você? Alguma estratégia para melhorar essa relação?

QUANTO TENHO

Na ficha de bens e direitos, estão listados os bens móveis e imóveis. Seu imóvel residencial e outros imóveis, carros, aplicações financeiras. Uma boa reflexão é avaliar quanto do seu patrimônio é constituído por ativos com potencial de valorização, seus investimentos, por exemplo, e quanto foi alocado em ativos que se depreciam ao longo do tempo, como veículos.

Quanto você tinha no ano anterior e quanto tem agora? A resposta a essa pergunta deixa claro quanto de sua renda foi destinada à formação do patrimônio.

Se a variação foi negativa ou neutra, isso significa que você gastou praticamente tudo o que ganhou.

Reflita se é possível aumentar sua capacidade de poupança visando ampliar seu patrimônio. Lembre-se de que, no futuro, ele proverá boa parte da renda que hoje depende exclusivamente do seu trabalho.

Aproveite para avaliar se a rentabilidade de seus investimentos foi compatível com a média de mercado. É possível que você tenha se acomodado e deixado algum dinheiro esquecido em aplicações financeiras que agregam pouco valor ao seu capital.

Boa oportunidade para conversar com sua instituição financeira, reduzir custos e melhorar desempenho.

QUANTO DEVO

A ficha de dívidas e ônus reais, a lista que mais incomoda, indica quanto você deve, e para quem. Empréstimos bancários, financiamentos, crediários, familiares e amigos, todos os seus credores informados resumem quanto dinheiro você gastou além dos rendimentos que recebeu.

Contrair dívida não é necessariamente ruim. A reflexão mais importante aqui é sobre qual foi a destinação desses recursos.

O dinheiro foi utilizado para simples consumo? Complicado. Considere como consumo os itens que não aparecem na sua ficha de bens, como roupas, eletrodomésticos, viagens, lazer. Ou então itens que se depreciam e geram despesa no seu fluxo de caixa. Carro é o melhor exemplo.

Dívida boa é aquela que gera uma contrapartida positiva no seu patrimônio. Identifique se você contraiu dívida para adquirir bens que mantêm valor ou, idealmente, valorizam-se com o tempo, tais como educação, imóveis ou o seu próprio negócio.

FUTURO

Avalie se você pode e quer mudar seus hábitos de consumo. Mantenha uma reserva financeira de 50% da sua renda anual em aplicações financeiras com liquidez (facilidade de resgate).
Não contraia dívida com itens de consumo e use crédito somente para agregar valor ao seu patrimônio. Conheça bem as regras da

Receita Federal e avalie se é possível reduzir sua carga tributária.


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