Folha de S. Paulo


Onde aplicar dinheiro nessa temporada de riscos e incertezas

O ano de 2013 foi difícil e testou a paciência e o nível de tolerância a risco de muitos investidores. Tem sido, na prática, o melhor teste disponível no mercado para sabermos se temos ou não disposição de investir em aplicações sujeitas a chuvas e trovoadas.

Esse cenário de muita incerteza e instabilidade talvez se estenda ao longo do próximo ano e não há nada que possamos fazer a respeito para ajudar os números a ficarem mais calmos.
E, nesse contexto de muita turbulência, temos nossa reserva financeira que precisa ser investida para gerar o melhor retorno com a menor exposição a risco possível.

TAXA PÓS-FIXADA

Procure concentrar boa parte de seus recursos em aplicações de taxa pós-fixada que acompanham a variação dos juros de mercado. Embora você não saiba quanto vai ganhar em termos absolutos, sabe que ganhará determinado percentual da taxa Selic (juro básico) ou DI (taxa média dos juros dos empréstimos entre bancos), sejam elas quais forem.

Se a taxa de juros aumentar, sua aplicação passará a receber a nova taxa automaticamente. Se a taxa cair, o valor aplicado não cai, mas passa a ser remunerado pela nova taxa de juros, menor do que a anterior. Seu retorno será equivalente à taxa média praticada entre a data da aplicação e a data do resgate.

Letra Financeira do Tesouro, LCI (Letra de Crédito Imobiliário), LCA (Letra de Crédito do Agronegócio), CDB (Certificado de Depósito Bancário), DI e fundos DI são as opções disponíveis.
Negocie o maior percentual da taxa DI que conseguir. Reduza os custos operacionais e invista por prazo superior a dois anos para pagar 15% de Imposto de Renda.

PRAZO MAIS CURTO

As operações de taxa prefixada garantem ao investidor o pagamento da taxa negociada no vencimento da operação. Entre a data da compra e a data do resgate, estão expostas ao risco de flutuação de preço.

Muitos investidores estão posicionados em NTN-B (Notas do Tesouro Nacional Série B), que paga a variação do IPCA (inflação oficial) mais uma taxa de juros prefixada no momento da compra.

Manter parte de seus recursos nesse tipo de aplicação é recomendável para objetivos de longo prazo que buscam proteção contra a inflação.

Encurtar o prazo médio dessas aplicações é uma maneira de reduzir o impacto da oscilação dos juros no preço dos títulos.

Trocar a NTN-B com vencimento em 2035 ou 2050 pela NTN-B que vence em 2019 ou 2020, por exemplo, é uma estratégia que reduzirá o risco de flutuação dos preços sem que você tenha de realizar prejuízo e sair do investimento antes do prazo planejado.

MOEDA ESTRANGEIRA

Alguns dos nossos objetivos serão executados em moeda estrangeira. Viagens e curso no exterior, por exemplo, precisam de recursos em outra moeda que não o real.

Nesse caso, o que interessa não é se o investimento será mais ou menos rentável do que a variação da taxa DI, mas garantir que você terá reais suficientes para comprar a quantidade de moeda estrangeira de que precisa.

Aplicar reais em um fundo cambial é uma alternativa recomendável nesse caso.

Suponha que você queira acumular US$ 5.000 para realizar uma viagem programada para daqui a dois anos e que a acumulação será feita em dez parcelas de US$ 500 cada uma.
Invista mensalmente em um fundo cambial o valor equivalente a US$ 500 (R$ 1.150), por exemplo, com a taxa de câmbio fixada em R$ 2,30. Daqui a dois anos, você terá no fundo cambial o valor em reais equivalente a cerca de US$ 5.000.

DIVERSIFICAÇÃO

Evite concentrar seus investimentos em um único tipo de aplicação. A diversificação é uma forma simples e prática de reduzir o risco total de seus investimentos.

Se a taxa de juros subir, as perdas no investimento de taxa prefixada serão compensadas pelos ganhos no de taxa pós-fixada. Oscilação na taxa de câmbio, positiva ou negativa, será refletida na aplicação cambial, que preservará seu poder de compra na moeda estrangeira.

Uma carteira balanceada, coerente com seus objetivos e alinhada com o horizonte de tempo dessas metas, tende a proporcionar uma rentabilidade média satisfatória, compatível com seu nível de tolerância a riscos.

O desconforto provocado pela turbulência no percurso será reduzido e ajustado ao seu nível de conforto.

Se você descobrir que não convive bem com perdas, mesmo que temporárias, concentre seus investimentos em aplicações conservadoras de taxa pós-fixada, com instituições sólidas que representam baixo risco de crédito para o seu capital.


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