Folha de S. Paulo


Tratamento de canal ajuda também a desobstruir as artérias do coração

Divulgação
Onde estão as andorinhas?
Cena do documentário "Para Onde Foram as Andorinhas?"

Não é de hoje que se estuda a ligação entre infecções dentárias e problemas do coração. Pesquisadores finlandeses investigaram o tema com um grupo de 508 pacientes e constataram que, sim, infecções de canal parecem aumentar o risco de doença coronariana e que bactérias teriam algo a ver com isso.

O artigo do grupo da Universidade de Helsinki liderado por John Liljestrand se encontra no periódico "Journal of Dental Research". A amostra pesquisada se compunha de pessoas com alguns sintomas de doença cardíaca, das quais um terço tinha doença coronariana crônica, um terço passava por uma fase aguda e outro tanto não apresentava a moléstia em grau significativo.

Os pacientes foram também submetidos a um exame dentário em regra, além de fornecer informações detalhadas sobre idade, gênero, índice de massa corporal, tabagismo, diabetes e número de dentes remanescentes. Mesmo depois de fazer uma depuração estatística desses outros fatores, a equipe encontrou que a doença coronariana era 2,7 vezes mais comum em pacientes com infecções de canal não tratadas.

Detectou-se também um nível elevado de anticorpos contra bactérias no sangue desses pacientes. Como o mesmo tipo de germe já foi encontrado nos corações de doentes cardíacos, por exemplo em pesquisas realizadas na Noruega, o grupo concluiu que seu estudo vem reforçar aquela ligação entre dor de dente e males do coração -­em sentido estrito, não figurado.

Resumo da ópera: quem quiser prevenir enfartes deve não só manter uma dieta equilibrada e fazer exercícios, mas também cuidar bem dos dentes e fazer visitas regulares ao dentista.

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Outro dia uma andorinha voejou em frente à janela do apartamento. Mas não havia outras por perto para confirmar que uma, sozinha, não faz verão (neste caso, primavera).

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"Para Onde Foram as Andorinhas" é também o título de um documentário de 20 minutos com alguns dos 6.500 moradores do Parque Indígena do Xingu a relatar sua dificuldade atual para ler os sinais naturais das estações. Coisas como as andorinhas e as cigarras que não chegam para anunciar a temporada de chuvas, mas foram substituídas por pragas de percevejos que dizimam os pequizeiros e arruínam a festa da furação das orelhas dos meninos, na qual eles têm de comer a estranha fruta do cerrado.

Você não dá a menor importância para essas coisas da natureza? Pense bem. Comece por se perguntar por que, vivendo no conforto de seu apartamento, quando chega o fim de semana, ou as férias, se dispõe a enfrentar horas e horas de trânsito para ir à praia ou à montanha.

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O presidente ainda interino Michel Temer (PMDB) assinará nesta segunda-feira (29) no Palácio do Planalto o instrumento de ratificação, pelo Brasil, do Acordo de Paris. Será interessante observar se a palavra "pré-sal" será pronunciada em seu discurso.

Se não for, como é mais provável, estaremos diante de mais uma farsa. Nenhum país deveria assumir compromissos com a descarbonização da economia mundial < http://arte.folha.uol.com.br/especiais/2016/08/26/o-fim-da-era-fossil/> em 2050 sem explicar ao mesmo tempo o que pretende fazer, detalhadamente, com suas reservas de combustíveis fósseis.


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