Folha de S. Paulo


Trump quer fazer 'greenwashing' no muro com o México

David McNew - out.2006/AFP
ORG XMIT: 331201_1.tif Bandeira norte-americana colocada em cerca da divisa mexicana por ativistas contrários à imigração ilegal na fronteira dos EUA com o México, em Campo, na Califórnia (EUA). *** A US flag put up by activists who oppose illegal immigration flies near the US-Mexico border fence in an area where they search for border crossers 08 October, 2006 near Campo, California. The activists want the fence expanded into a fully-lit double-fenced barrier between the US (R) and Mexico. US Fish and Wildlife Service wardens and environmentalists warn that a proposed plan by US lawmakers to construct 700 miles of double fencing along the 2,000-mile(3,200) US-Mexico border, in an attempt to wall-out illegal immigrants, would also harm rare wildlife. Wildlife experts say cactus-pollinating insects would fly around fence lights, birds that migrate by starlight in the desert wilderness would be confused, and large mammals such as jaguars, Mexican wolves, Sonoran pronghorn antelope, and desert bighorn sheep would be blocked from migrating across the international border, from California to Texas. David McNew/Getty Images/AFP =FOR NEWSPAPERS, INTERNET, TELCOS AND TELEVISION USE ONLY=
"O presidente Donald Trump tenta dar uma cara de verde a algo que não tem nada de sustentável"

Uma semana depois de anunciar a saída do Acordo de Paris, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ventila outra ideia de dar nó: quer instalar painéis de captação de energia solar para custear o muro que prometeu erguer na fronteira com o México.

O presidente tenta, assim, dar uma cara de verde a algo que não tem nada de sustentável, ecologizar sua iniciativa. A construção de uma barreira física "impenetrável, poderosa e bonita" é promessa de campanha. Talvez a que mais materialize a sua plataforma xenófoba. A barreira visa frear a entrada de imigrantes sem documentação e com isso conter, de acordo com seu discurso, o aumento da criminalidade, e proteger os empregos dos americanos.

Desde a campanha, há dúvidas sobre o preço e quem pagaria a conta. As estimativas começaram nos US$ 7 bilhões e vão até os US$ 25 bilhões. O presidente americano disse que iniciaria as obras utilizando recursos americanos e o México pagaria um reembolso. O presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, diz que não vai pagar nada.

A fronteira entre México e Estados Unidos tem 3.152 quilômetros e já tem 1.049 quilômetros de cercas e barreiras que impedem o acesso de veículos e pessoas. Em 25 de janeiro, o presidente americano assinou o decreto para a construção do muro. Em abril, em negociação no Congresso, aceitou postergar a liberação de verbas para setembro, para não interromper a aprovação do orçamento geral.

A construção enfrenta obstáculos geográficos, ambientais e sociais, entre eles um deserto, o do Arizona, montanhas no Novo México, reservas indígenas, áreas de proteção ambiental, santuários de reprodução de animais. Ambientalistas apontam que o muro afetaria o fluxo de migração de espécies e impactaria também as bacias hidrográficas, podendo causar alagamentos e inundações.

Tecnicamente, a configuração do muro não é apropriada para esse tipo de instalação, dizem especialistas. As fazendas solares em geral são feitas em áreas amplas e não em linhas, que seriam ineficientes. Além disso, para fazer chegar a energia gerada aos americanos seria necessária a instalação de uma rede de distribuição também bastante onerosa.


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