Folha de S. Paulo


Uma taturana verde para abraçar o Minhocão

William Stewart/Divulgação
Corte do projeto de implantação de trepadeiras no Minhocão do grupo Novas Árvores Por Aí, em parceria com o Parque Minhocão
Corte do projeto de implantação de trepadeiras no Minhocão, projeto do grupo Novas Árvores Por Aí

Trazer uma taturana verde para o cinza do Minhocão, independentemente do futuro da via, é a proposta do grupo de plantadores Novas Árvores Por Aí. Para isso, eles vão começar colocando trepadeiras no percurso de todo o Elevando Costa e Silva em frestas já existentes ou cavando ninhos especialmente para receber as mudas na base do viaduto. Cabos de aço atados às defensas laterais devem conduzir o crescimento das plantas.

O Novas Árvores Por Aí se formou a partir de uma página no Facebook e mobiliza as pessoas para plantios pela cidade, liderado pelo publicitário Nik Sabey.

Para o projeto do Minhocão, o grupo pretende organizar plantios coletivos nos próximos meses de junho e julho e colocar as trepadeiras em pontos estratégicos da via, sem custos para os órgãos públicos. "Vai ser bom para a saúde de quem frequenta a área aos domingos e também para os moradores" diz Sabey. Bertalha Coração e duas espécies de Cipó - de Sino e de São João- devem ser plantados no local.

A tomada verde do Minhocão já começou com a colocação de Alamandas na entrada próxima da rua Helvetia: "Funciona como um sinal de boas-vindas". O projeto, diz Sabey, vai transformar as beiradas, deixando o parque mais florido e mais agradável.

No próximo dia 5 de junho, o plantio deve seguir durante um piquenique que está sendo convocado em parceira com o grupo Parque Minhocão, com o objetivo de marcar posição contra a ideia de fechar o elevado para pessoas durante a noite e nos finais de semana.

Nik passou a infância num bairro "bem verde" de São Paulo, perto da represa de Guarapiranga, e diz que até os 13 anos viva com as mãos na terra. Começou a plantar árvores pelas ruas há oito anos, depois de se mudar para um apartamento e sofrer por não ter espaço para cultivo em casa. Produzia mudas na sua varanda e passou a transplantá-las para as calçadas do bairro.

Em 2012, lançou a ideia do grupo em uma página na internet. Mas só em 2015, depois de conhecer ativistas do Fruto Urbano, que lhe deram dicas de organização e comunicação, conseguiu mobilizar adeptos ao seu projeto. O Fruto Urbano foi fundado em 2014 na cidade de Bauru e tem como objetivo incentivar e facilitar o plantio de árvores frutíferas pelas cidades, respeitando as características específicas de cada formação vegetal.

No primeiro plantio coletivo chamado pelo Novas Árvores apareceram 60 pessoas, "40% de gente que só conhecia a ideia pela internet", conta Sabey. De lá para cá, em menos de um ano de atividades, a turma já plantou cerca de 350 mudas.

O grupo faz os plantios de duas formas. Cavando nichos em calçadas, como aconteceu no último dia 1 de maio na rua Antonio Bicudo, em Pinheiros, ou criando Florestas de Bolso, como as implantadas na lateral da avenida Helio Peregrino, em 12 de março, com 86 mudas, e da Vila Mariana, também feita em maio, onde foram colocadas 110. "Temos sempre parcerias com outros grupos nessas ações", diz Sabey.

As Florestas de Bolso requerem no mínimo uma área de 15 metros quadrados para que sejam plantadas várias mudas a fim de recriar o ambiente florestal, sempre respeitando a vegetação original. No caso de São Paulo, devem ser árvores nativas da Mata Atlântica. O método foi desenvolvido pelo botânico Ricardo Cardim e vale tanto para terrenos pequenos, como praças, quanto para áreas grandes dentro de fazendas. A ideia é que em seis meses, as mudas já tenham se desenvolvido para dar sombra e atrair pássaros.


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