Folha de S. Paulo


Caravana conecta produtores da agroecologia

Para promover trocas de experiências diretas entre cultivadores da agricultura ecológica, produtores, estudantes e técnicos, começa em 17 de maio a quarta caravana do projeto Comboio Agroecológico, passando por várias unidades de plantio de frutas, legumes, hortaliças e ervas medicinais.

Serão visitados comunidades de agricultura familiar, assentamentos, cooperativas e quilombos que são adeptos do cultivo sem agrotóxicos ou sementes modificadas. As experiências anteriores partiram dos Estados Minas, Rio de Janeiro e Espírito Santo, em 2015.

O objetivo da caravana é possibilitar intercâmbio e troca de sementes, informações técnicas, conhecimentos regionais e histórias das famílias e das comunidades produtoras. E defender a necessidade da agroecologia como forma de restaurar a saúde e proporcionar novas práticas na agricultura, na organização social e econômica da produção, na distribuição, na comercialização e no consumo de alimentos.

O roteiro foi elaborado por integrantes da Articulação Paulista de Agroecologia (Rede APA) e pela Rede de Núcleos de Estudo e Pesquisa em Agroecologia (os NEAs, que são vinculados ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico –CNPq).

A caravana dura cinco dias e tem cinco rotas, com locais de partida e trajetos distintos. Em vans e ônibus de universidades ou fretados, os grupos vão parando pelos núcleos de produção, que foram escolhidos por uma equipe de curadores. Os participantes são incentivados a coletar materiais, produtos e relatos ao longo da rota. A cada parada, os visitados podem se integrar na caravana, em transporte próprio.

Junto com os produtores, há um coletivo de comunicação e relatoria formado pelos bolsistas do projeto, que seguem registrando em vídeo, texto e fotos e divulgando a experiência nas redes sociais e por meio do blog do projeto. Ao final do percurso, será produzido um relatório apontando as principais discussões realizadas em cada ponto das visitas. Todas as rotas acabam no município de Barra do Turvo, no Vale do Ribeira, Estado de São Paulo, onde haverá um Seminário Estadual para debater as principais questões levantadas e compartilhar os conhecimentos.

A caravana é definida pelos organizadores como uma metodologia do movimento agroecológico para sistematização de iniciativas de referência. Ela é ferramenta para construir uma rede de interação que valoriza o pequeno produtor e defende a agricultura familiar como alternativa ao sistema baseado na monocultura e no uso intensivo de insumos químicos e venenos.

Segundo André Ruoppolo Biazoti, gestor ambiental, micro-agricultor urbano e ex-bolsista do projeto, a caravana é um momento rico de contato entre produtores de cidades e Estados diferentes que enfrentam as mesmas dificuldades de cultivo, distribuição e comercialização nas culturas orgânicas. "Eles têm os mesmos desafios, mas em geral não conhecem experiências semelhantes. Com a caravana, podem trocar informações e entender o contexto da produção", diz.

Os técnicos participantes da caravana contribuem com sugestões e com a sistematização das experiências, captando as principais discussões, que são depois desenvolvidas nos núcleos de pesquisa, conta Biazoti.

Para conseguir garantir a presença de 100 agricultores custeando transporte, alimentação e hospedagem, os organizadores criaram um financiamento coletivo no Catarse. Se quiser saber mais sobre o projeto e participar da campanha visite https://www.catarse.me/caravana_agroecologica_sp.


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