Folha de S. Paulo


Lixo: Na França, lei proíbe desperdício de comida nos supermercados

Aprovada no ano passado, passou a valer recentemente na França uma lei que proíbe que os supermercados joguem fora ou destruam comidas não vendidas. Isso inclui os itens que estiverem com data de vencimento próxima.

O excedente deve ser doado para bancos de alimentos e organizações de assistência a populações carentes. Os gestores de supermercados de médio e grande porte (lojas com mais de 400 metros quadrados) têm de assinar um compromisso de doação para essas instituições sob pena de multa.

As organizações que recebem as doações são obrigadas a coletar e estocar a comida em condições adequadas de higiene e distribuir os alimentos de forma digna, em refeitórios ou centros de alimentação, com funcionários ou voluntários, para pessoas que não podem pagar por eles.

A França joga fora anualmente 7,1 milhões de toneladas de alimentos. Desse total, 67% são jogados fora pelos consumidores, 15% por restaurantes e 11% por lojas. No mundo, a cada ano, 1,3 bilhão de toneladas de alimentos são desperdiçados.

Com a explicitação das obrigações para todos os envolvidos na cadeia e a incidência de multa, a França se tornou o primeiro país a instituir legalmente a regulamentação sobre desperdício de comida.

O ativista francês Arash Derambarsh, conselheiro municipal da cidade de Courbevoie, foi o mentor do movimento que começou com uma petição e culminou com a aprovação da lei, por unanimidade, no Senado francês.

Em 2014 e 2015, ele fez várias incursões em supermercados com a ajuda de voluntários, para resgatar alimentos que iam ser destruídos e distribuir para a população carente da sua cidade. Gravou vídeos para divulgar essa campanha, chamou TVs para documentar suas ações e conseguiu apoio de políticos de vários partidos, artistas e esportistas.

Após a aprovação da lei, Derambarsh declarou que os próximos passos da sua batalha são atacar o desperdício de comida em restaurantes, padarias, cantinas de escolas e refeitórios de empresas e pedir ao presidente francês, François Hollande, que pressione o presidente da comissão europeia, Jean-Claude Juncker, para ampliar a lei para toda a União Europeia.


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