Folha de S. Paulo


Trato de águas subterrâneas é urgente e pode aumentar oferta hídrica

Na mesma semana em que o grupo Aliança pela Água divulgou que em todas as regiões da capital paulista há ocorrências diárias de falta de água, especialistas reunidos em um congresso discutiram a necessidade de tratamento das águas subterrâneas para aumentar a oferta hídrica.

Na segunda (5), representantes dos Ministérios Públicos Estadual e Federal e da Agência Nacional de Águas (ANA) debateram na Assembleia Legislativa de São Paulo a crise da água e conheceram os resultados do levantamento do 'Tá faltando Água', aplicativo lançado em setembro pela Aliança. Segundo a compilação, há mais de 400 ocorrências por dia em todo o Estado de São Paulo. Capital, Guarulhos e Santo André são as campeãs de notificações de falta de água.

Realizado nos dias 5 e 6, o Congresso Internacional de Meio Ambiente Subterrâneo debateu soluções para evitar e remediar a contaminação das águas subterrâneas no país. Essas águas formam os rios e são vitais para o abastecimento.

Mas não há controle ou planejamento sobre elas. Nas áreas urbanas, as águas subterrâneas são contaminadas por vazamentos de postos de gasolina, utilização inadequada de produtos químicos, chorume de aterros e lixões clandestinos, falta de saneamento básico e uso de fossas. Na zona rural, defensivos agrícolas e fertilizantes contaminam mananciais subterrâneos.

O geólogo e professor Everton de Oliveira, secretário-executivo da Associação Brasileira de Águas Subterrâneas, diz que é preciso considerar a remediação como uma alternativa para aumentar a oferta hídrica. "As águas subterrâneas podem ajudar na solução da crise", disse.

Segundo Oliveira, São Paulo é o único Estado que possui uma listagem de áreas contaminadas, coordenada pela Cetesb. Ainda assim, a lista contém apenas locais que foram investigados. Não há levantamento sistemático de áreas de possível contaminação em grande escala, para planejar o seu manejo.

Também faltam leis e regulamentos para os casos em que é descoberta uma área contaminada. "Muitas vezes, a única providência é deixar de consumir a água e cobrir a área, com asfalto. É um presente-bomba para o futuro", diz Oliveira.

"É necessário destruir o solo contaminado, com processos físicos ou químicos, e recuperar a água para o uso. Existem processos diferentes para cada tipo de contaminação. O país precisa acordar para esse tema", opina.


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