Folha de S. Paulo


Lixo: Projeto de limpeza do oceano é finalista em prêmio Design of the Year

A produção mundial de plástico é estimada em 288 milhões de toneladas por ano, sendo que 10% disso deve acabar no mar. O projeto The Ocean Cleanup, que quer retirar o lixo plástico do mar através de barreiras flutuantes, está na final do Design of the Year, um dos mais prestigiosos concursos de design do mundo.

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Torre fixa e barreiras flutuantes do projeto The Ocean Cleanup ---- para texto da colunista Mara Gama.
Torre fixa e barreiras flutuantes do projeto The Ocean Cleanup

Organizado pelo Design Museum britânico, o prêmio está em sua oitava edição e exibe os projetos finalistas das seis categorias até agosto, quando sai o resultado, em Londres.

A grande sacada do projeto, do holandês Boyan Slat, de 20 anos, é a ideia de um sistema passivo de limpeza, que é muito mais barato, mais rápido, não traz riscos para os animais marinhos e é expansível.

Os oceanos estão em constante movimento, por causa da rotação da Terra e dos ventos. Os vértices desses movimentos são chamados giros, e existem cinco grandes nos mares do mundo: no Oceano Índico, no Atlântico Norte, no Pacífico Norte, no Atlântico Sul e no Pacífico Sul. Essas regiões têm acúmulo de lixo plástico formando verdadeiras ilhas móveis compostas de partículas.

O projeto propõe instalar longas barreiras flutuantes que, conectadas a uma plataforma central fixada no fundo mar, podem apanhar os detritos que fluem continuamente nas correntes naturais do oceano.

O movimento da água empurraria os plásticos para a plataforma, onde eles seriam extraídos. Uma esteira movida por energia solar puxaria esse plástico acumulado para um depósito. A cada 45 dias, um navio recolheria o material. Os detritos poderiam ser então usados para produção de energia ou novos materiais, o que ajudaria a cobrir os custos de toda a implantação do sistema.

A coleta passiva é um avanço importante em relação às outras propostas de limpeza, todas elas baseadas em embarcações com redes de arrasto, que demandam muito combustível e movimentações ininterruptas dos barcos, para fazer a pesca do plástico. O projeto faz o oposto disso. Em vez de movimentar redes e puxar os detritos, as barreiras flutuantes ficam fixas e o mar é que faz a sua autolimpeza.

Segundo o site do projeto, com ele seria possível retirar cerca de 70 milhões de kilos de plástico em dez anos. Os primeiros testes foram feitos em Açores, Portugal, e depois no Havaí, nos Estados Unidos.

O The Ocean Cleanup já recebeu mais de € 1,6 milhão (R$ 5,4 milhões) em financiamento compartilhado.


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