Folha de S. Paulo


Lixo: E a Baía de Guanabara continua um lixo

Faltando um ano e oito meses para os Jogos Olímpicos Rio-2016, as velejadoras Martine Grael e Kahena Kunze botaram a boca no trombone para avisar, a quem interessar possa –e que porventura não saiba–, que a baía da Guanabara continua um lixo.

Ao receber um prêmio, esta semana, as campeãs mundiais de 2014 chamaram o governo do Estado do Rio na chincha, convidando os políticos a navegar para ver de perto o lixo e os peixes mortos. A dupla disse estar decepcionada com o andamento das obras de despoluição da baía. Os Jogos serão disputados no Rio entre 5 e 21 de agosto de 2016.

O Brasil se comprometeu a despoluir pelo menos 80% da baía para o evento. Num teste realizado em agosto, dois anos antes dos Jogos, vários atletas deram declarações à imprensa reclamando do lixo nas águas. O campeão australiano Nathan Outteridge encontrou um cachorro morto nos treinos. Outros atletas disseram ter visto gatos, ratos e móveis boiando. Um dos membros da Federação Internacional de Vela (ISAF), Alastair Fox, se disse preocupado com a contaminação.

Como se não bastasse, na última terça (16), pesquisadores do Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) encontraram a superbactéria KPC (resistente a antibióticos), nas águas da praia do Flamengo, zona sul da cidade.

Segundo eles, a KPC vem das águas do rio Carioca, que deságua ali. Na quarta (17), pesquisadores da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) encontraram a KPC na praia do Flamengo, próxima da Marina da Glória, um dos locais de competição de vela nas Olimpíadas.

Em entrevista à AFP, o biólogo Mario Moscatelli, especialista nessa área, disse que a baía de Guanabara se converteu num lixão. Ele acha que o local não tem condições de receber os Jogos, porque até agora não se fez nada de relevante para a despoluição efetiva.


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