Folha de S. Paulo


Lixo: Uma sexta-feira livre DAS compras e a lâmpada no fim do túnel

Nessa Black Friday, em que muita gente vai pirar na fila das lojas, proponho um dia livre DAS compras. Uma desobediência comercial pacífica. Um jejum. Não é difícil. Para dar um incentivo, lanço aqui a minha versão dos oito Rs do consumo consciente.

1- Repense
Se estava por R$ 1.200,00 e saiu por R$ 900,00, a economia é de R$ 300,00 para quem levar hoje. Mas quem não levar nem hoje e nem amanhã e nem nunca vai economizar os R$ 900,00! O melhor desconto é não comprar!

2- Reduza
Evite desperdícios de comida, roupas, equipamentos, trajetos, gasolina, álcool, água e energia. Não compre o que não vai comer. Não compre o que não cabe mais na sua casa. Não compre o que tem muita embalagem a toa. Prefira os retornáveis, recarregáveis. Ande a pé, de transporte coletivo, bicicleta. Reduza assim também o seu sedentarismo.

3- Reuse
Cansou? Passe para frente, vire do avesso ou use de outro jeito. Faça bazar de trocas de livros, discos (ainda tem, né?), roupas e objetos com os amigos, a família, os colegas, os vizinhos. A água da máquina de lavar dá para usar para descarga e limpeza do chão. A água do chuveiro enquanto não aquece pode molhar as plantas. Na pia, uma bacia para lavar os legumes e as folhas recolhe a água também para as plantas ou a limpeza.

4- Recicle
Separe os recicláveis _plásticos, papéis, latinhas, vidros _ e deixe nos Pontos de Entrega Voluntária ou na calçada em frente da sua casa nos horários e dias certos, se o seu bairro tem coleta seletiva. Dúvidas? Consulte o site da prefeitura da sua cidade.

5- Recuse
Produto caro e mal feito, ou feito sem controle de qualidade, ou que desrespeita o meio ambiente, as condições de trabalho, de higiene e de saúde do trabalhador merece boicote.

6- Reforme, repare
Roupa velha, sapato, eletrodoméstico, móvel. Não sabe consertar? Na internet tem um monte de tutoriais, lições em vídeo e fóruns sobre produtos. E na sua família deve ter alguém mais velho que saiba reformar, remendar ou consertar. Em uma passeada pelo seu bairro você pode achar uma costureira e um sapateiro para ajudar na empreitada.

7- Responsabilize-se
Pela sua pegada. Do macro ao micro. Da pegada de carbono no planeta até a pegada real, com o pezinho sujo na entrada do prédio, na escola ou dentro de casa. E a pegada do seu cãozinho também, claro. Cuide da sua cidade, do bairro, da praça, da sua rua, da sua calçada. Não existe lá fora. Tá tudo aqui dentro.

8- Recircule, repasse, retuite
Dicas e boas práticas sobre consumo e economia. Vamos circular?

*

Uma lâmpada no fim do túnel

A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, assinou na quinta (27), em Brasília, o acordo setorial para implantação do sistema de logística reversa de lâmpadas fluorescentes de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista.

Os acordos setoriais são instrumentos previstos pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) instituída em 2010. Eles regulamentam as responsabilidades de fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes no recolhimento, no tratamento e na destinação final adequada dos produtos e seus resíduos.

O acordo garante retorno à indústria, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos. É válido por dois anos, paras as empresas signatárias, entre elas as grandes como Philips, GE, Osram, e associações como a Confederação Nacional do Comércio e a Confederação Nacional da Indústria. Ao final desses dois anos, seus termos podem ser revisados, para corrigir metas ou incorporar ajustes.

O grande nó da reciclagem das lâmpadas é o chamado descarte pequeno, pulverizado, do consumidor doméstico, espalhado pelo país a fora. É necessário que haja uma ampla rede de postos de recebimento das lâmpadas usadas, para que sejam coletadas, passem por um processo de descontaminação seguro e sigam para posterior reciclagem. E estabelecer essa rede e seu sistema de transporte custa dinheiro.

De acordo com a proposta da Associação Brasileira de Empresas de Iluminação, fabricantes e importadores deverão estabelecer um valor de volta para cada lâmpada importada ou fabricada. Esse valor, que deve ser incorporado ao preço do produto, será encaminhado às entidades gestoras do sistema de retorno, que vão administrar os contratos com as recicladoras e conduzir a logística da destinação adequada.


Endereço da página: