Folha de S. Paulo


Lixo: Arte-ativismo toma o Ibirapuera na Virada Sustentável

Divulgação
"Deriva", instalação criada pelo artista Jaime Prades com o SOS Mata Atlântica no Ibirapuera
Gustavo Godoy-Bijari/Divulgação
"Consumo", instalação do coletivo Bijari com a WWF-Brasil para a ocupação Causa + Arte

Um barco solitário entre galões de água vazios, num leito de restos de construção. Consumo se escreve com letras feitas de lixo. Os objetos são públicos. As imagens são diretas. As mensagens são simples. O arte-ativismo é o destaque da Virada Sustentável (que começou nesta quinta, 28, e vai até o domingo, 31) no parque Ibirapuera.

A Virada, que está em seu quarto ano, lista 715 atividades espalhadas em espaços públicos, escolas e parques na cidade de São Paulo e envolve mais de 100 organizações. Os seus criadores a definem como um " movimento de mobilização colaborativa para a sustentabilidade do país", com a participação de organizações sociais, coletivos de cultura e apoio de empresas e órgãos públicos, para apresentar uma visão positiva e inspiradora sobre os temas ligados à sustentabilidade.

No Ibirapuera, o conjunto de ocupações foi batizado de Causa+Arte, por unir artistas ou coletivos de arte urbana e organizações ambientais, em obras que querem discutir temas como consumo consciente, gestão de resíduos, uso da água e dos recursos naturais. Jaime Prades, Bijari, Urban Trash Art, ISE, do Basurama, e Binho Ribeiro se uniram a grupos e entidades como SOS Mata Atlântica, WWF-Brasil, Instituto Akatu, Afroreggae, PanoSocial e SOS Juventude e Instituto Alana.

Na instalação "Deriva", feita para a Virada, Jaime Prades encarnou o ideário da Fundação SOS Mata Atlântica, organização não-governamental para a conservação da diversidade biológica e cultural do Bioma Mata Atlântica. Prades, artista urbano que trabalha com instalações, esculturas e grafite, vem trabalhando com restos de madeira jogados no lixo desde 2007, quando lançou seu projeto "Natureza Humana".

O Bijari, centro de criação em artes visuais e multimídia, desenvolveu sua instalação "Consumo" com a WWF-Brasil, organização não-governamental dedicada à conservação da natureza, da biodiversidade e do uso racional dos recursos naturais.

O PanoSocial, que trabalha com ex-presidiários e populações marginalizadas, juntou seu trabalho de design têxtil em PET e algodão orgânico com o Urban Trash Art, parceria dos artistas paulistanos Pado e Rodrigo Machado,que fazem esculturas públicas com lixo urbano. As instalações do Causa+Arte ficam no Ibirapuera até 28 de setembro.

Resíduos e consumo consciente são os temas mais tratados da Virada de 2014. "Cerca de 40% das atividades do evento têm a ver com isso. É grande o número de artistas e grupos que trabalham com as questões do reuso e da reciclagem", diz o jornalista André Palhano, coordenador e criador da Virada. Palhano

Além do Ibirapuera, fazem parte do circuito da Virada parques como da Aclimação, Água Branca, Burle Marx, do Carmo, da Juventude e Villa-Lobos, várias unidades do Senac e Sesc, Fábricas de Cultura, Museus, centros culturais, escolas e CEUs.

A programação de palestras e debates também é bem interessante. Hoje, das 10h as 13h, acontece no Centro Cultural São Paulo a conversa "Bode na Sala", sobre consumo consciente, com temas como "A natureza avisa: não tem para todo mundo!", por Aron Belinky; " Os produtos não nascem na embalagem", por Maluh Barciotte, do Instituto GEA e " Dá para compartilhar?", por Ariel Kogan, do site asboasnovas.com, entre outros.

A programação completa de debates, simpósios, rodas de conversa, oficinas e exposições pode ser consultada no site http://viradasustentavel.com/programacao/. Separe um tempo para um rolê.


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