Esta edição em capa dura, com imagem de um barroquismo psicodélico, comemora os 50 anos da publicação de "Cem Anos de Solidão", obra central do colombiano Gabriel García Márquez (1928-2014), prêmio Nobel de literatura de 1982.
O volume não traz textos críticos sobre esse clássico moderno. O que é uma pena, pois poderia explicar a permanência de um romance que representa o ápice do realismo mágico latino-americano, mas que foi assumindo outras conotações a partir das diferentes leituras do universo de Macondo —o povoado fictício em que sucessivas gerações da estirpe dos Buendía encarnam o desequilíbrio da harmonia primordial.
Cem Anos de Solidão. Autor: Gabriel García Márquez. Tradução: Eric Nepomuceno. Editora: Record (2017, 432 pág., R$ 79,90).
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DISCO
Romantismo cósmico
O compositor russo Alexander Scriabin (1872-1915) é normalmente visto como romântico tardio ou pré-moderno. Seria mais correto ouvi-lo como mais romântico dos modernos, cujas ousadias harmônicas produzem êxtases sonoros que deveriam expressar as ambições cósmicas do artista-demiurgo.
Entre as peças para piano interpretadas pela coreana Soyeon Kate Lee, estão a "Sonata-Fantasia" e o "Cânon", composto aos 11 anos por esse visionário.
Scriabin: Piano Music. Artista: Soyeon Kate Lee. Gravadora: Naxos (2016, R$ 46,10, importado).
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FILME
Delinquência xenófoba
Partindo do histórico ataque xenófobo a um prédio de asilados vietnamitas em Rostock (Alemanha) em 1992, o diretor Qurbani (alemão de origem afegã) monta um tríptico em que o avanço da violência é visto pelas vítimas, por um político hesitante e por seu filho, integrante da gangue que deprava o mote libertário "Nós somos jovens. Nós somos fortes" (título do filme) em delinquência neonazista.
Wir Sind Jung. Wir Sind Stark. Diretor: Burhan Qurbani. Elenco: Trang Le Hong, Devid Striesow, Jonas Nay. Produtora: Zorro Film/UFA Fiction (2015). Na Netflix.
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Bruno Santos/Folhapress | ||
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