Folha de S. Paulo


Lira paulistana: disco de estreia de Marina Melo é a cara de São Paulo

Nesse disco de estreia, a cantora e compositora Marina Melo associa seu timbre suave a letras próprias, com uma dicção urbana que é a cara de São Paulo: da visão inicialmente bucólica do trânsito em câmera lenta sob a chuva, derivando para um ácido rap sobre a crise hídrica ("Dever Cívico"), à ironia com o sotaque da cidade ("Rebouças"), suas críticas ao sexismo ("Laura") e à sovinice ("Dinheiro") guardam espaço para o lirismo dos pequenos recortes cotidianos, com ecos da literatura marginal e da vanguarda paulista dos anos 1980.

Soft Apocalipse. Artista: Marina Melo. Gravadora: Alcachofra (2016, R$ 25). Nas plataformas Spotify, Deezer, SoundCloud e GooglePlay.

Eduardo Knapp/Folhapress
A cantora Marina Melo
A cantora Marina Melo

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+ LIVRO

Idealização e descompasso

Nome central do romantismo francês, Lamartine (1790-1869) narra, a partir de experiência pessoal, enlace característico de uma concepção amorosa associada a ímpetos libertários, com tênue pano de fundo político e anticlerical. Seu jovem protagonista é enviado pela família à Itália, onde estaria a salvo do "ócio perigoso" e das primeiras paixões que corrompem a alma. Na vila de Procida, se apaixona pela encantadora Graziella, encarnação de uma frugalidade mediterrânea que irá expor o descompasso entre as idealizações românticas e a artificialidade cosmopolita.

Graziella. Autor: Alphonse de Lamartine. Tradução: Sandra M. Stroparo. Editora: Carambaia (2016, 152 págs., R$ 69,90)

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FILME

Perversão da barbárie

Ao fim da Segunda Guerra, na Polônia, enfermeira francesa da Cruz Vermelha é chamada a um convento e constata que várias freiras estão grávidas, vítimas de estupros cometidos por soldados invasores -uma violência que, envolta em vergonha e silêncio, materializa a perversão de inocular sentimento de culpa nas vítimas da barbárie.

Agnus Dei.Direção: Anne Fontaine. Distribuidora: Mares Filmes (2016). Na AppleTV.


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