Houve um tempo em que a internet era uma coisa muito divertida. Ou podia ser divertida, posto que era bem séria também.
Alguém se lembra? Antes do surgimento das redes sociais, que acabaram transformando isso aqui num UFC verbal, numa fogueira da Inquisição partidária, num tribunal de Nuremberg ideológico, numa briga de navalha na gafieira da intolerância, as pessoas em geral utilizavam muito a chamada Word Wide Web para se divertir.
Claro, também acessavam a rede para se informar e se instruir, mas era imenso o número de e-mails, correntes e grupos que tinham apenas o objetivo de avacalhar as coisas, contar piadas, falar besteiras, divertir-se mesmo, porque afinal a vida é bela e curta.
Tanto que na época, nos primórdios desta coluna, ela trazia aqui uma seção que se chamava justamente "Besteirol da Internet", cujo objetivo era reunir as melhores besteiras da semana - piadas infames, trotes, pegadinhas, esculachos em geral. Houve momentos absolutamente hilariantes, e boa parte deste "acervo" ainda está disponível na base de dados da Folha, basta você dar um google com meu sobrenome + besteirol da internet e ir navegando.
Mas o fato é que de uns bons anos para cá esse tom de galhofa foi desaparecendo, diminuindo, encolhendo até se resumir hoje, praticamente, aos memes risíveis que vira-e-mexe aparecem por aí.
Os palhaços virtuais infelizmente deram lugar a muito xingamento, mau humor e intolerâncias várias. Daí a alegria de encontrar no Facebook da impetuosa jornalista Renata D'Elia um post delicioso, que faz jus aos bons tempos do besteirol. Um colírio para os olhos cansados das coxices e petralhices que embaçam a visão.
Se bem que a origem do post –o fato de os promotores do Ministério Público de São Paulo terem trocado Friedrich Engels (1820-1895) por Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831) numa peça acusatória a um ex-presidente da República– já é em si uma piada pronta.
Mas a burrada que expôs os promotores a uma inédita pancadaria por parte até dos conservadores mais insuspeitos acabou estimulando a verve de Renata, que propôs, na base da "livre associação surrealista", que se criassem "duplas intelectuais" que fizessem jus à criação dos bravos defensores do povo. E o que surgiu faz jus aos melhores momentos do Besteirol da Internet, veja abaixo, com pequenas adaptações:
- Tiririca & Xororó
- Beagle & Butt-Head
- Lennon & Gurfunkel
- Pato Donald Trump & Antoine de Saint-Catupiry
- Leandro & Leonardo da Vinci
- Coiote & Papa Francisco
- Tom Jobim & Jerry Adriani
- Route 66 & Raquel
- Fatman & Robin Williams
- Baby do Brasil & Pepe Mujica
- Jean Paul Sartre & Simony
- Sandy & Jung
- Freud Flintstones & Hannah Arendt Montana
- Jack Kerouac (O Estripador) & Woody Alien (O 8º Passageiro)
- Hillary Kleiton & Kledir
- Romeu & Juliette Binoche
- Roberto & Erasmo de Roterdã
- Ana Raio & Luiz Thunderbird
- Rute Cardoso & Raquel Sherazade
- Cumpadre Washington & Anitta Garibaldi
- Karl Marx Engels & Call Center
- Christiane Pelajo & William Shakespeare
- Lênin & McCartney