Folha de S. Paulo


A era dos beques

Incrível, mas o Brasil está invertendo a máxima "a melhor defesa é o ataque". Para uma escola de futebol que sempre se gabou de seus históricos camisas 10 ou de sua lista de atacantes "melhores do mundo", vivemos a hora dos defensores superstars. Beque is beautiful.

Thiago Silva, uma das contratações mais caras do novo-rico Paris Saint-Germain, é considerado o melhor zagueiro do mundo. Aliás, o PSG pode armar a defesa quase só com brasileiros, pois ainda tem Alex, ex-Chelsea, e Maxwell, ex-Barça.

Mais de 3.000 cruzeirenses não podem estar errados quando, em meio de semana, vão ao aeroporto receber o Dedé, no maior negócio de um defensor do futebol brasileiro. Recepção digna de um homem-gol para um homem-não-gol.

O ex-Vasco vai atuar no Estado da melhor zaga do Brasil: os atleticanos Réver e Léo Silva, as "Torres Gêmeas" do Galo (ambos com 1,92 m), que seguram a bronca lá atrás quando o ótimo ataque do maestro Ronaldinho não garante na frente. E os dois não raro dão uma força para o R10. Réver, por exemplo, está a um gol de se tornar o maior zagueiro artilheiro da história do Atlético-MG, igualando-se a Luizinho com 21 gols. Pelo Mineiro, no clássico contra o América, marcou três!

Réver e Léo Silva compõem a melhor zaga, mas o melhor time do país é o Corinthians, onde joga Gil. O zagueiro chegou ao campeão mundial agora, assumiu a titularidade e é mais elogiado que Pato (banco) e Renato Augusto (machucado).

Até o beque Henrique consegue ser selecionável e despertar interesses (como o do Cruzeiro, para jogar com Dedé) estando num time tão vulnerável como o atual Palmeiras.

Hoje, no jogo dos dois principais times do mundo pela Champions League, o principal jogador do mundo vai certamente esbarrar no brasileiro Dante, do Bayern. Dante estreou na seleção neste ano fazendo parceria de setor e de cabelos gozados com David Luiz, o zagueiro "maluco" do Chelsea, o atual beque campeão da Champions League.

Amanhã, provavelmente no banco do Borussia Dortmund, louco para entrar e encarar o incrível Cristiano Ronaldo, vai estar o zagueiro brasileiro Felipe Santana. O time alemão só pega o Real Madrid em semifinal de Champions graças ao gol aos 48 min do segundo tempo de seu "amuleto" brasileiro. Santana, que é apelidado de Telê no time por causa do sobrenome, foi chamado nos jornais alemães de "Santana Man", o super-herói pronto para salvar o Dortmund quando chamado.

O problema de Felipão (ele próprio um ex-beque) para 2014 não deverá ser a zaga. Conhecendo-o como a gente conhece e a partir da entrevista que saiu aqui na Folha ontem sobre como ele vê os "volantes ofensivos", não espantaria se o técnico jogasse com três zagueiros dessa safra, transformando o David Luiz num possível Edmilson-2002.

Só conjecturando.


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