Folha de S. Paulo


Libertadores daS AméricaS

Esta coluna é cheia das ideias. Lá atrás, pedimos Guardiola na seleção, "aconselhamos" Neymar a ir embora para a Europa, essas coisas. Agora, temos outros planos para a Libertadores: o fim dela. Ou, melhor, o seu alargamento. Geográfico e de possibilidades. Curto e grosso: a inclusão do soccer, da Liga Americana, no torneio sul-americano que há muito não é só sul-americano.

Vou explicar, mas antes uma pergunta: você está animadão com a Libertadores 2013?

Times fracos, estádios modestos, minúsculos, e muitas vezes vazios, batalhas campais entre torcidas, sinalizadores assassinos, altitude "desumana", gramados lamentáveis, viagens estapafúrdias. Tudo comandado por uma entidade de sigla mal ajambrada que consegue ser mais bombardeada de críticas que a CBF. E que paga menos a certos clubes que o Paulistão.

A primeira tentação é comparar com a Champions League, seus gramados, estádios lotados, organização, trilha sonora linda, todo o show e o dinheiro que gera. No Brasil, a gente cobre ao vivo com TV e internet até o sorteio da Champions.

Mas, voltando à ideia de uma Libertadores daS AméricaS, com o plural destacado e a América do Norte incluída. O futebol nos EUA, que historicamente era uma piada, já bate com sua liga, em público, o Brasileirão. Segundo reportagem do UOL, empresa comandada pelo Grupo Folha, a Major League Soccer prevê superar os europeus em dez anos. Com bons estádios e organização, eles têm por lá astros em times bem estruturados, como Henry, Robbie Keane, Juninho ex-Vasco.

É longe? É, mas veja. Suponha um jogo do Inter de Porto Alegre, no extremo sul brasileiro, contra o Seattle Sounders, do extremo oeste americano. Numa pesquisa rápida de voos em um site de viagens, essa distância pode ser percorrida em 18,5 horas. Duas horas a mais levaria o Boca Juniors para pegar o time de Vancouver, no Canadá, que disputa a MLS. É muito? O Corinthians, recentemente, levou 17 horas para chegar a Tijuana. Ok, é o México, mas isso já é fronteira com os EUA.

Os perrengues latinos desgastam muito mais que troca de avião. O Cruzeiro em 2008 foi jogar "aqui na Bolívia", em Potosí, cidade a 4.100 m de altitude. Como preparação para o jogo, chegou CINCO DIAS antes em Sucre, 2.800 m de altitude. No dia do jogo, "subiu" a Potosí com jogadores e comissão técnica distribuídos em 13 carros, percorrendo 150 km de uma estrada estreita e sinuosa. Um voo para pegar o New York Red Bulls não doeria tanto.

Uma nova Federação das Américas, calendário flexível, times bem selecionados, americanos ajudando a vender o "produto", negociando patrocínios, cotas de TV/internet. E o Corinthians pegando o LA Galaxy no Itaquerão. Ou o São Paulo encarando o FC Dallas no estádio dos telões gigantes dos Cowboys, para 111 mil pessoas. Só sugestão...


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