Folha de S. Paulo


Teorias e apostas esquentam o final da primeira temporada de 'Westworld'

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A atriz Evan Rachel Wood interpreta a mocinha Dolores na série 'Westworld', da HBO
A atriz Evan Rachel Wood interpreta a mocinha Dolores na série 'Westworld', da HBO

Em dado momento de "Westworld", mais uma ficção científica em torno do temor de um confronto entre homens e máquinas, um personagem diz que um dos anfitriões-robôs do parque temático do título "passou no teste de Turing": a partir de suas respostas, um ser humano não sabe se está diante de uma máquina ou de um semelhante.

Pois a série de Jonathan Nolan (roteirista de "Batman: O Cavaleiro das Trevas") para a HBO, na qual turistas desfrutam de um simulacro do Velho Oeste americano com riscos controlados e sem restrições legais, chega ao fim neste domingo apostando na outra ponta da proposta de Alan Turing (1912-54), o britânico considerado "pai" da inteligência artificial.

Conseguiremos nós, espectadores, discernir o que (ou quem) é humano do que não é? Como?

Essa provocação, já usada em "Blade Runner, o Caçador de Androides" (1982), alimenta fóruns e textos analíticos on-line diariamente.

Abastecidos com teorias, pistas, observações e apostas -algumas comprovadas nos últimos episódios, como a que envolve Bernard (o excelente Jeffrey Wright)-, eles garantem uma espécie de sobrevida paralela à série cada vez mais cobiçada por produtores.

Por ora, é difícil acreditar que o falatório seja suficiente para que "Westworld" suplante um "Game of Thrones". Mas o episódio deste domingo pode mudar esse prognóstico, se amarrar de forma satisfatória a trama rocambolesca.

A produção da HBO foi concebida a partir de um filme de 1973 dirigido por Michael Crichton, mas o parentesco entre as duas não vai muito além do nome e do argumento central.

Trailer do filme de 1973 que inspirou a série

Cheio de alusões a "Alice" e "2001 - Uma Odisseia no Espaço", o roteiro da série talvez esteja mais próximo de "Amnésia", filme de 2000 que Nolan coescreveu com seu irmão diretor, Christopher, e que recorria a múltiplas linhas temporais para contar a história de um homem que perdia a memória e tatuava suas lembranças pelo corpo.

O episódio desta noite deve deixar mais nítidas essas linhas temporais, centradas na heroína-androide Dolores (Evan Rachel Wood) -sobretudo se revelar a identidade do Homem de Preto interpretado por Ed Harris, um visitante que há décadas frequenta o parque e não disse a que veio. Seria ele o futuro de um outro personagem?

E Maeve (Thandie Newton)? Sua trama crescerá a ponto de carregar a série para a próxima temporada? Ela continuará a flutuar alheia ao enredo central com sua revolta de autômatos ou se firmará como a antagonista de Dolores, a robô que não quer sair de seu território?

O "timing" joga a favor de "Westworld". Com o crescimento da intolerância, a alegoria do conflito entre um grupo ao qual a empatia é negada e aquele que o destrata, aqui traduzida como criadores e criaturas, não só permanece atual como pertinente e necessária.

WESTWORLD terá o último capítulo da primeira temporada exibido às 0h de domingo (4) para segunda (5), na HBO


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