Folha de S. Paulo


Emmy reflete hiperprodução com 273 séries inscritas, mas anda em círculos

Quer uma ideia de quão difícil é acompanhar o panorama das séries hoje? Para os prêmios Emmy (espécie de Oscar da TV) que serão entregues no próximo dia 18 de setembro, foram inscritas 96 comédias, 151 dramas e 26 minisséries.

Excluídos realities, talkshows, programas de variedades e formatos curtos —tudo disposto em uma lista de 86 (!) páginas para os votantes e publicado no site do prêmio nesta semana—, há no ar (ou on-line) 273 séries que os produtores julgam boas o suficiente para disputar um troféu. Fora as reprises, as temporadas passadas e as séries estrangeiras ainda inéditas nos EUA.

Divulgação
Cena de
"Orange is The New Black", que não pode mais inscrever o elenco principal como atrizes e atores convidados

E há 464 páginas (!!!) com atores e atrizes inscritos em diferentes categorias (alguns deles múltiplas vezes, como Fred Armisen, de "Portlandia", com seis inscrições).

O boom da produção para internet —visível nos últimos anos via Netflix e Amazon, principalmente— aparece na lista com preciosidades como "Comedians in Cars Getting Coffee", a série de Jerry Seinfeld para o site Crackle (da Sony) que concorre na categoria "série de variedades com entrevistas", e o ator Johnny Depp, inscrito na categoria de melhor ator cômico por personificar o presidenciável Donald Trump em um especial para o canal de comédia on-line Funny or Die.

O comediante Louis C.K. e seu parceiro de cena Steve Buscemi disputam a estatueta de melhor ator dramático pela sensível "Horace and Pete", minissérie produzida e vendida diretamente pelo site de C.K., sem necessidade de um canal (de TV ou streamming) por trás —eis um novo modelo de distribuição.

A linha entre comédia e drama e o limite para uma "série de edição limitada", o nome oficial das minisséries, porém, continuam borrados.

"A Noiva Abominável", novo episódio da série "Sherlock Holmes", na categoria filme para a TV (o mesmo foi feito com o episódio especial de "Marco Polo", da Netflix), e tanto "True Detective" como "Fargo", ambos em suas segundas temporadas, aparecem como minisséries.

Já o revival de "Arquivo-X", que promete ser uma temporada isolada, concorre como série dramática.

Reprodução
Funny or Die Made a Trump Biopic, Starring Johnny Depp com ohnny Depp as Donald Trump, with Michaela Watkins as Ivana Trump.
Johnny Depp como Donald Trump e Michaela Watkins como Ivana Trump em especial do Funny or Die, "The Art of the Deal"

Por outro lado, "Orange is the New Black" (Netflix) não pode mais inscrever metade do elenco como ator/atriz convidado/a. Na categoria, sobressai (afetivamente) Shoukath Ansari, o pai do comediante Aziz Ansari que, sem ser ator profissional, interpreta o pai do protagonista de "Master of None" (Netflix).

Tamanha oferta explica parte da exaustão do espectador com a tal era de ouro da TV e torna injustificável que premiações do porte do Emmy, em vez de apontar caminhos, sigam andando em círculos, ainda que a excelência de séries como "Veep", "Game of Thrones" ou "House of Cards" seja reiterada.

Somadas, porém, as duas premissas mostram que, mesmo com tanta coisa boa no ar, é raro encontrar inovações ou mesmo boas fórmulas executadas com engenhosidade.

Os finalistas do prêmio Emmy de 2016 serão anunciados no dia 14 de julho, com transmissão em www.emmys.com


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