Folha de S. Paulo


Autor de "Sex and the City" opõe mulheres de 20 e 40 em "Younger"

De repente, 40. É com a premissa do conflito entre gerações vitaminado por um suposto abismo digital que Darren Star, o criador de "Sex and the City" (1998-2004), "Barrados no Baile" (1990-2000) e "Melrose Place" (1992-99) volta à ativa em "Younger", comédia rápida que o canal E! estreia nesta segunda (31).

Produzida para uma audiência mais jovem, a série sobre uma mulher de 40 anos que finge ter 26 para se reinserir no mercado de trabalho funciona também com aqueles que têm apenas adjetivos ácidos para atribuir à geração do milênio, a que cresceu nos anos 2000.

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Hilary Duff (à esq) e Sutton Foster em
Hilary Duff (à esq) e Sutton Foster em "Younger", nova série do criador de "Sex and the City", Darren Star

A isca para atrair esse público é Hilary Duff, atriz que cresceu diante das câmeras e estourou na série infantojuvenil "Lizzie McGuire" (2001-04). Aos 28, ela é a parceira de cena da premiada Sutton Foster, 40, desconhecida nas telas mas consagrada na Broadway, a quem coube a protagonista.

A química entre elas funciona e parece ter sido suficiente para segurar o texto frouxo, com uma ou outra boa sacada, e a edição pouco inventiva a la sitcoms dos anos 1990.

Da estreia nos EUA no final de fevereiro até o 12º episódio, que encerrou a temporada em junho, a audiência entre o público feminino de 18 a 34 anos praticamente triplicou, com um respeitável número de visualizações em sites de streaming (quase 5 milhões) garantindo uma segunda temporada para 2016. (Como na bem sucedida "Sex and the City", mulheres são o alvo de Star.)

Foster é Liza Miller, uma mulher na casa dos 40 que, após se divorciar e despachar a filha adolescente para um intercâmbio na Índia, decide retomar a carreira no mercado editorial interrompida voluntariamente pela maternidade.

Quinze anos fora de combate seriam muito em qualquer profissão, mas em uma editora de livros o hiato é especialmente cruel. Não só mudou o que faz sucesso como o modo de divulgação (redes sociais), a forma como se lê (tablets e leitores digitais) e as aspirações das jovens editoras que povoam seus corredores, além do tempo de atenção cada vez mais curto do público (mas, ei, Jane Austen é sempre Jane Austen).

Por isso, incentivada por uma amiga, Liza decide mentir e dizer que seu sabático durou apenas quatro anos -porque é ficção, uma minissaia e uma nova tonalização no cabelo facilmente convencem o mundo que ela tem 14 anos menos.

Mais difícil é convencer o público que uma mulher de 40 anos formada em comunicação e com uma filha adolescente não saiba operar o Twitter, nunca tenha ouvido falar de Tinder e tropece para usar o celular, motes de parte das piadas. Facebook, claro, é rede de gente velha.

No meio do experimento, Liza arranja um namorado gatinho, Josh (Nico Tortorella, clone remodelado do Brandon de "Barrados no Baile") e troca confidências com a amiga lésbica Maggie (Debbie Mazar).

Quando mira o enorme senso de excepcionalidade desta geração, sempre pronta para ser aplaudida, aí sim "Younger" faz rir (alerta de recalque da colunista), assim como quando põe em xeque o mérito de amadurecer. Boa distração.

'Younger' estreia no E! nesta segunda (31), às 22h30


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