Folha de S. Paulo


A Lava Jato e Cabral

RIO DE JANEIRO - Desde as primeiras notícias sobre a Lava Jato, ainda em 2014, especula-se sobre o envolvimento do o ex-governador Sérgio Cabral no petrolão, como beneficiário do esquema.

Por ordem do STJ, a PF abriu inquérito para investigar Cabral. Verdade seja dita, até agora não surgiu prova contundente contra ele. Pelo menos a público não veio.

Mas o escândalo aproxima-se cada vez mais do ex-governador do Rio. Na nova fase da operação, deflagrada nesta terça (28), o executivo Ricardo Marques, da Techint, foi alvo de mandado de condução coercitiva.

Dois meses atrás, ele já havia prestado depoimento à PF. Declarou que, em 2010, reuniu-se com Wilson Carlos Carvalho e com Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras e principal delator do esquema. Quem conhece Wilson, sabe sua função: dinheiro.

Wilson foi assessor financeiro na reeleição de Cabral, em 2010. Segundo Ricardo Marques, Costa lhe pediu contribuição para a campanha de Cabral. Marques negou ter atendido.

Em junho, foi preso Rogério Araújo, diretor da Odebrecht. A PF interceptou um e-mail dele, de 2007. Na mensagem, ele informa a outros executivos que a companhia fora incluída numa das obras do Comperj. "Petrobras/PR vai conversar com o governador sobre este novo arranjo com a participação da CNO (é importante Sergio Cabral ratificar!)."

"Petrobras/PR" é Paulo Roberto Costa. CNO, Odebrecht.

Outro documento apreendido revela como a Odebrecht preparou um de seus executivos para dar certas respostas à PF, caso fosse ouvido. Ele deveria afirmar, por exemplo, que "de modo algum" recebeu "solicitação de contribuição financeira" para a campanha de Cabral.

Cabral nega envolvimento no petrolão. Na verdade, o ex-governador parece não estar nem aí para a Lava Jato. Literalmente. Na semana passada, curtia o show do U2 em Nova York.


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