Folha de S. Paulo


Sim, somos candidatos

RIO DE JANEIRO - Antecipar a configuração de disputas eleitorais no Brasil, em ambiente de estabilidade, já beira a quiromancia. Num quadro de incertezas como o atual, tal exercício está para lá das práticas ocultistas. Mas esse tipo de situação também funciona como catalisador de candidaturas.

Uma delas é a de Eduardo Paes, prefeito do Rio. Paes soube aproveitar a Olimpíada de 2016 para realizar uma série de obras urbanísticas e de mobilidade que contribuíram para catapultar seus índices de aprovação. Num cenário de normalidade política, Paes sairia em 2018 como postulante quase imbatível ao governo do Estado.

Mas nos dias de hoje, o prefeito do Rio surge como um prematuro pré-candidato a presidente da República. Estaria Paes disposto a trocar uma eleição quase certa para o Palácio Guanabara por uma aventura ao Palácio do Planalto? Sim, Paes estaria. Ainda que fosse como cota de sacrifício para se tornar nacionalmente conhecido e ter chances reais na eleição seguinte.

A um interlocutor muito próximo, Paes disse que, "se o cavalo passar selado", ele topa disputar a Presidência em 2018. "O cavalo selado", nesse caso, seria o PMDB se unir em torno de seu nome. Algo nada fácil, dada a multiplicidade de escolhas que o PMDB tem pela frente. A começar pelo vice-presidente, Michel Temer, que não esconde sua paixão pela cadeira de Dilma Rousseff.

Em outra ponta, o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), sonha em convencer o tucano José Serra a disputar a Presidência pelo PMDB.

No mês passado, Paes esteve com Serra, com quem mantém bom relacionamento. Paes contou ao mesmo interlocutor citado acima que, em certa hora, Serra apoiou a mão em seu ombro e disse: "Você é meu candidato a presidente".

Neste momento, Paes pensou: "Sim, ele também é candidato".


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